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Ensino público

Lições de um programa inovador

Projetos começam a ser desenvolvidos

Inovador no campo das experiências que buscam contribuir para a qualidade da educação formal no país, o Programa de Pesquisas Aplicadas sobre a Melhoria do Ensino Público no Estado de São Paulo promete ser, ao mesmo tempo, uma rica fonte de novas aprendizagens para a própria FAPESP, que o concebeu, e o instituiu em setembro de 1995.

“Tão logo cumprimos as etapas necessárias para dar início, no segundo semestre deste ano, à execução dos primeiros 25 projetos aprovados no âmbito do programa, sentimos que começamos a ‘aprender’ a desenvolver um relacionamento produtivo com um universo de pessoas que normalmente não têm qualquer envolvimento com a FAPESP. E isso é só um exemplo do que o programa traz de novo para a Fundação”, diz seu diretor científico, professor José Fernando Perez.

O universo a que o professor Perez se refere é o de professores e outros profissionais ligados a escolas de primeiro e segundo graus que vão trabalhar nos projetos já aprovados pelo programa, em parceria com pesquisadores ligados a instituições de ensino superior e pesquisa (estes, sim, o público alvo regular da Fundação). Juntos, eles vão desenvolver, por um período de quatro anos, na maioria dos casos, projetos nas áreas de Ensino de Ciências, Ensino de Matemática, Ensino-Aprendizagem (4 projetos, em cada uma dessas), Ensino de Física, Ensino de Química, Ensino Agrícola, Formação de Professores (2 projetos em cada uma dessas áreas), Ensino de História, Planejamento e Avaliação Educacional, Educação e Saúde, Educação Especial e Biblioteconomia (1 projeto em cada área).

Essa parceria entre pesquisadores e professores de primeiro e segundo graus é justamente uma das marcas da avançada concepção do Programa de Melhoria do Ensino que, para atingir suas metas, vai se valer simultaneamente da pesquisa empírica, da reflexão critica e da ação concreta em um espaço social determinado – escolas de primeiro e segundo graus.

E embora o programa tenha escala piloto, ele terminará por envolver quase uma centena de escolas, já na primeira etapa de execução. Isso porque 22 propostas vão atingir, no total, 66 escolas previamente definidas. E as outras três propostas vão envolver cerca de 50 professores de determinadas disciplinas do currículo escolar (Física, Química, Biologia e Matemática), no âmbito de delegacias de ensino já escolhidas.

Aperfeiçoamento pedagógico
Recentemente, mais de uma centena de profissionais das escolas envolvidas pelo programa encheu o auditório da FAPESP, para ouvir explicações da Fundação, relatar seus projetos e expectativas e trocar informações. “Na reunião pudemos contar com a participação do professor Jorge Nagle, da UNESP, um especialista em Educação, ex-conselheiro da FAPESP e que à época da discussão do Programa de Melhoria do Ensino no Conselho Superior era um grande entusiasta da idéia”, diz o professor Perez. Na visão do diretor científico, “além de extremamente interessante, esse encontro incomum na FAPESP foi muito importante, exatamente porque se está lidando com um programa que envolve uma série de iniciativas novas”.

Novas propostas devem ser encaminhadas à Fundação até 30 de setembro
Assim, é a primeira vez, por exemplo, que a Fundação está concedendo bolsas de Aperfeiçoamento Pedagógico (exclusivas desse programa) para professores de primeiro e segundo graus e outros profissionais que vão trabalhar nos projetos, e que não têm qualquer vínculo com instituições de ensino superior, Nessa primeira etapa do programa, que implicará um dispêndio global de pouco mais de R$5 milhões, estão sendo concedidas 399 bolsas.

É também a primeira vez que um programa da FAPESP inclui como atividade usual de seu processo de acompanhamento de visitas programadas aos locais de desenvolvimento dos projetos, neste caso, as escolas de primeiro e segundo graus, e várias reuniões de trabalho com as equipes na Fundação. “Isso é necessário para que se possa discutir dificuldades que venham a ser encontradas no desenvolvimento dos projetos, eventuais correções de rumo e possíveis suplementações de recursos, entre outras coisas”, diz o professor Perez.

Novos projetos
Até o próximo dia 30 de setembro, novos projetos para Melhoria do Ensino Público poderão ser entregues à fundação, para julgamento com vistas à segunda etapa de execução do programa, a partir de 1997.

Mesmo propostas que não foram aprovadas na primeira etapa podem ser aperfeiçoadas e submetidas outra vez à FAPESP. Nesse sentido, o diretor científico dá uma instrução importante, válida tanto para os pesquisadores e professores que pretendem reapresentar suas propostas, quanto para aqueles que vão submeter projetos novos à avaliação da Fundação. “É importante que os projetos contenham elementos de reflexão crítica para que possam se caracterizar como projeto de pesquisa, sem o que não podem ser financiados pela FAPESP. Há que se combinar muito bem esse elemento com a proposta de ação concreta na escola”, diz. Segundo o professor Perez, na primeira etapa, projetos muito bons do ponto de vista da ação nas escolas não puderam ser aprovados porque o elemento de reflexão critica era insuficiente.

“Queremos com esse programa contribuir para a melhoria da qualidade do ensino na escola parceira e queremos contribuir também para aperfeiçoar nosso sistema de reflexão sobre o ensino público, o que é fundamental para a geração de políticas públicas de ampla aplicação”, define o professor Perez, reconhecendo que não é tão fácil combinar esses componentes nos projetos.

Temático – Prêmio jabuti
O livro Velhos e novos males da saúde no Brasil: a evolução do país e de suas doenças, do doutor Carlos Augusto Monteiro, editado pela Hucitec/NUPENS-USP, recebeu o “Prêmio Jabuti 96”, concedido pela Câmara Brasileira do Livro, na categoria “Ciências Naturais e Medicina”. O livro, lançado em outubro do ano passado, foi produzido como parte de um projeto temático financiado pela FAPESP, A trajetória do desenvolvimento social nas décadas de 70 e 80: a história contada pela evolução dos indicadores de saúde e nutrição, coordenado pelo doutor Carlos Augusto, atual coordenador científico do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS) da Faculdade de Saúde Pública da USP. A entrega do prêmio foi marcada para o dia 15 de agosto, na 14ª Bienal Internacional do Livro, no Expo Center None, em São Paulo.

Auxílio à Pesquisa – Jovem cientista
O projeto Otimização da irrigação das culturas, que vem recebendo recursos da FAPESP desde 1993, da linha de Auxílio à Pesquisa e, mais recentemente, do Programa de Apoio à Recuperação e Modernização da Infra-Estrutura de Pesquisa do Sistema Estadual de Ciência e Tecnologia, deu a um dos estudantes que participam das pesquisas nele envolvidas – Adilson dos Santos, aluno de graduação da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de São Carlas, UFSCar -, o terceiro lugar no concurso “Prêmio Jovem Cientista/1995”, categoria estudante. O prêmio é promovido conjuntamente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Grupo Gerdau e Fundação Roberto Marinho. O tema do concurso em 95, que contou com a participação de mais de 90 inscritos, foi “Qualidade e Produtividade na Agricultura”.

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