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As razões do infarto de transplantados do coração

No projeto sobre colesterol financiado pela FAPESP, o endocrinologista Raul Maranhão, médico graduado pela Universidade de Brasília, UnB, e doutorado em Fisiologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP, investiga agora as causas da alta incidência de infartos em indivíduos submetidos a transplantes de coração. A síndrome, conhecida como doença coronariana do transplantado, é a principal causa de doença e morte desses pacientes após o primeiro ano da cirurgia. De concreto, sabe-se que os transplantados sofrem um processo acelerado de obstrução das artérias, causado pelo acúmulo anormal de colesterol na corrente sangüínea.

Raul Maranhão desenvolveu, além da LDE, uma outra partícula artificial que imita os chamados quilomicrons, produzidos no intestino a partir da gordura e do colesterol absorvidos da alimentação. Em seu trabalho de pesquisa ele agora injeta os falsos quilomicrons na corrente sangüínea e acompanha a velocidade com que são eliminados.

Esse sistema foi idealizado quando Maranhão fazia seu pós-doutoramento no Instituto de Biofísica da Universidade de Boston. Os estudos estão mostrando que o organismo de um transplantado passa a remover muito mais lentamente os quilomicrons da circulação, o que provoca o acúmulo e deposição de gordura nas células. “Acreditamos que esse problema seja causado por uma perturbação do sistema imunológico dos transplantados, que torna lento o metabolismo dos quilomicrons”, diz Raul Maranhão.

O objetivo do projeto temático é buscar informações novas que ajudem na prevenção de doenças cardíacas. Hoje, isso se faz através de exames de diagnóstico que avaliam a concentração de colesterol no sangue. Os estudos de Maranhão querem ir mais longe e definir o que leva ao acúmulo de colesterol. No caso dos indivíduos com hipercolesterolemia, o problema é genético. Faltam receptores celulares que absorvam o colesterol produzido pelo fígado.

Já nos transplantados do coração, o problema está mais relacionado à não eliminação do colesterol presente nos alimentos. “Procuramos instrumentos mais sensíveis para entender o metabolismo do colesterol e, assim, ajudar a prevenir as “doenças coronarianas”, afirma o médico. Com o dinheiro repassado pela FAPESP, o Incor ampliou seu laboratório de lipídeos, com a compra de novas e mais potentes ultracentrífugas e um espectrofotômetro.

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