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Especial

A informação decifrada

Divulgação de ciência e tecnologia exige, cada vez mais, profissionais bem formados

Lançado pela FAPESP em outubro deste ano, o Programa José Reis de Jornalismo Científico MídiaCiência (objeto de matérias no Notícias FAPESP 45 e nesta Pesquisa FAPESP 47) deverá representar uma contribuição importante para a formação de profissionais que lidam com informação sobre ciência e tecnologia, na grande imprensa ou na imprensa especializada, em novas mídias, como a Internet, ou em estruturas de divulgação de instituições de pesquisa.

Esses profissionais enfrentam continuamente o desafio de tentar traduzir para a linguagem comum as buscas empreendidas e os resultados obtidos por pesquisadores em campos complexos do conhecimento e, quase sempre, apresentados num jargão fechado, irredutível, à primeira vista, a termos usuais. Encaram a exigência de explicar como as conquistas da ciência e da tecnologia, que parecem ocorrer num mundo tão alheio às preocupações cotidianas dos mortais comuns, podem afetar, para o bem ou para o mal, a vida de todos e de cada indivíduo em particular. E devem, na medida do possível, estar sempre lembrando as relações da ciência e da tecnologia com a cultura, com a política e com a economia.

Que a opinião pública deve ser informada sobre o que se passa nos domínios da ciência e da tecnologia é uma questão sobre a qual, há muito tempo, não resta a menor dúvida. Porque a própria noção de democracia, com seu corolário, a cidadania, pressupõe o direito do público de ser bem informado sobre novos dados e decisões que podem afetar sua vida. E, já que a pesquisa em CeT mobiliza grandes somas de recursos públicos, é também a noção de direito do contribuinte que exige informação sobre quanto, em que e para que se investe nessa pesquisa.Muito mais recente, no entanto, é a idéia da necessidade de uma formação específica para profissionais responsáveis pela difusão da informação sobre CeT.

Em princípio, jornalistas com uma cultura média e gosto pelas coisas da ciência, do mesmo modo que cientistas com habilidade verbal suficiente para transpor os obstáculos lingüísticos de seu campo em direção à planície da língua comum, estariam aptos para realizar a contento esse trabalho. Mas a prática tem demonstrado que não é bem assim, ante a complexidade crescente e a extraordinária velocidade do desenvolvimento científico e tecnológico, que impõe rápidas e profundas mudanças sociais. Daí decorrem os esforços pela melhor formação de profissionais de informação em CeT, iniciados no país, ainda que de forma assistemática e descontínua, desde os anos 70, e dentro dos quais o MídiaCiência agora pode se constituir numa nova e produtiva abordagem.

Este encarte oferece um apanhado de experiências do jornalismo científico no país, tanto no desdobramento de sua prática ao longo de algumas décadas quanto nas iniciativas de formação de profissionais para essa especialidade do jornalismo. E, para completar, oferece algumas informaçõessobre a formação de jornalistas científicos no exterior.

Os dados sobre essas experiências certamente serão úteis como marco referencial para pesquisadores e jornalistas que neste momento estão elaborando ou pensando em elaborar propostas de cursos e de pesquisas qualificados para receber o apoio proposto pela FAPESP no MídiaCiência. E, esperamos, para outros interessados no jornalismo científico.

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