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Genética

Mistério entre os roedores

Espécies idênticas na aparência diferem no total de cromossomos

Como é que animais fisicamente iguais podem ter números diferentes de cromossomos? Para entender essa peculiaridade da fauna brasileira, Maria José de Jesus Silva, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), desembarcou em outubro na Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, onde completará o pós-doutorado. Sua pesquisa inclui uma nova espécie de roedor que ela própria descobriu numa expedição a Mato Grosso, em 1997 – o Akodon sp.n.

Tem 10 a 12 centímetros de comprimento e é, como ela concluiu, o roedor silvestre com o menor número de cromossomos já descrito: apenas 10. Seu achado merece atenção porque não há diferenças morfológicas com o Akodon cursor , até então o ratinho com o menor número de cromossomos (de 14 a 16). São as chamadas espécies crípticas, só diferenciadas por meio do cariótipo, o conjunto de cromossomos.

Em Berkeley, para entender a evolução cromossômica desses animais, ela vai trabalhar com uma abordagem complementar, a análise de DNA mitocondrial, encontrado nas mitocôndrias, um dos compartimentos das células. “Dados cariotípicos, moleculares e de biogeografia são fundamentais para se estabelecerem as hipóteses evolutivas”, diz.

Em outros grupos de animais também há fenômenos semelhantes. Entre os mamíferos, a espécie com o menor número de cromossomos é o cervídeo muntjac indiano (Muntiacus muntjak vaginalis): as fêmeas têm seis cromomossos, e os machos, sete. Comparações com a espécie mais próxima, o muntjac chinês (Muntiacus reevesi), de 46 cromossomos, sugerem que podem ter ocorrido rearranjos e fusões ao longo da evolução cromossômica.

Entre as formigas, o total de cromossomos varia de 2 a 94. Enquanto se buscam hipóteses para explicar tamanha variação, as descobertas se sucedem. Há pouco tempo, encontrou-se na Serra de Baturité, no Ceará, outra espécie nova de roedor, do gênero Oryzomys. Tem 76 cromossomos.

O projeto
Estudos Citogenéticos e Moleculares em Roedores Orizominos (Sigmodontinae, Rodentia) das Florestas Atlântica e Amazônica (nº 99/08156-0); Modalidade Auxílio a projeto de pesquisa; Coordenadora Maria José de Jesus Silva – IB-USP; Investimento
R$ 29.760,00

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