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Tecnociência

Nova embalagem para velho remédio

Durante décadas desapareceu das farmácias o antimonial trivalente, um dos primeiros medicamentos usados no combate ao Schistosoma mansoni, o verme causador da esquistossomose. Abandonado por não ser eficaz e por afetar o coração, o antimonial pode ressurgir – e com eficiência maior e efeitos colaterais menores. Seria oportuno. Transmitido pelos caramujos Biomphalaria glabrata, o S. mansoni vem desenvolvendo resistência ao praziquantel e à oxamniquina, as drogas mais usadas no seu combate.

A esquistossomose hoje atinge 200 milhões de pessoas – dos quais 20 milhões apresentam quadro clínico grave, com danos irreversíveis no fígado e no baço. Uma equipe da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenada por Frédéric Frézard, verificou que o segredo desse aprimoramento está na forma de embalar o remédio. Em vez de aplicá-lo diretamente no sangue de camundongos, os pesquisadores armazenaram o antimônio em nanocápsulas de gordura – os lipossomos – antes de injetar nos animais. Constataram que os resultados eram surpreendentes somente quando usavam um tipo especial de lipossomo, chamado furtivo.

Recoberto por moléculas de um polímero, esse lipossomo escapa ao ataque das células do sistema imune e permanece mais tempo na circulação. Desse modo, é maior a chance de o lipossomo com o antimonial ser consumido pelo S. mansoni , que se alimenta de nutrientes do sangue. Mesmo em doses altas, que eliminaram 80% dos vermes, o medicamento encapsulado não se mostrou tóxico, como revela Frézard em um artigo recém-publicado no International Journal of Pharmaceutics.

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