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Estratégias

Aids na fronteira da perdição

O extremo norte do Brasil abriga um movimento migratório peculiar. Índios de quatro tribos ignoram, naturalmente, as fronteiras políticas entre o Amapá e a Guiana. E convivem com levas de brasileiros paupérrimos, que cruzam clandestinamente o rio Oiapoque em busca de oportunidades no território controlado pela França.

Uma dupla de antropólogos saiu a campo para investigar o espectro da Aids nessa terra inóspita. O francês Frédéric Bourdier, da Universidade Victor Segalen – Bourdeaux 2, e a colombiana Claudia López Garcés, do Museu Paraense Emílio Goeldi, constataram que quatro índios, pertencentes às tribos Karipuna e Galibi Marworno, já contraíram a doença – dois deles morreram. “A região é muito vulnerável.

Mais pessoas parecem estar com Aids, mas é impossível comprovar porque não há um laboratório na região”, diz Claudia Garcés. Os resultados da pesquisa estão sendo usados para pressionar os governos brasileiro e francês a estabelecer uma política pública para a região de fronteira, em seus acordos bilaterais. “É muito mais fácil obter atendimento na Guiana do que na capital do Amapá, que fica a uma distância maior e tem menos recursos”, afirma Claudia.

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