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Estratégias

A Terra é azul para os chineses

Quarenta e dois anos depois da proeza do cosmonauta russo Yuri Gagarin, a China tornou-se o terceiro país do mundo a enviar uma missão tripulada ao espaço. No dia 15 de outubro, o tenente-coronel Yang Liwei, de 38 anos, passou 21 horas e meia em órbita a bordo da cápsula Shenzhou 5, versão chinesa da Soyuz russa. Recebido como herói nas ruas de Pequim, proferiu uma daquelas frases talhadas para o registro da história. “Eu vi nosso planeta, é bonito demais”, afirmou o astronauta pioneiro, numa variação do bordão A terra é azul eternizado por Yuri Gagarin.

A missão custou aos chineses US$ 2,2 bilhões e é fruto de um esforço de pesquisa de uma década, que levou quatro cápsulas não tripuladas ao espaço. O programa espacial, que tem finalidades comerciais e militares, já lançou 70 satélites. O sucesso do vôo de Yang Liwei, além de alimentar o orgulho nacional, atesta a eficiência dos serviços de lançamento de satélite, reforça a influência do país no panorama asiático e dá assento privilegiado à China em futuras negociações sobre a exploração espacial.

Não é pouco para uma nação que, a despeito de um vigoroso e contínuo crescimento econômico, ainda figura no rol das nações em desenvolvimento. A revista The Economist, que dedicou a capa da edição de 18 de outubro ao feito, sugeriu, com ironia, que a China dispense o US$ 1,8 bilhão anual de ajuda internacional agora que resolveu gastar dinheiro em passeios espaciais desnecessários. E propõe, falando seriamente, que o governo da China invista mais verbas na pesquisa de vacinas para flagelos que atormentam sua população, como a Aids e a pneumonia asiática, escamoteada pela censura em vigor no país.

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