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História
Parasitas persistentes

A professora do Departamento de Parasitologia do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, Luciene Maura Mascarini relata no artigo Uma Abordagem Histórica da Trajetória da Parasitologia os caminhos trilhados pela ciência que emergiu no século 19 com o surgimento e o estabelecimento de várias áreas da medicina. “Por volta de 1860, os fundamentos da ciência foram estabelecidos e os parasitas se tornaram então os responsáveis por importantes doenças do homem e dos seus animais domésticos”, diz a pesquisadora. Luciene conta que, no Brasil, o histórico da parasitologia segue o trajeto da medicina tropical, com o constante embate entre os médicos da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro e da Escola Tropicalista Baiana. Segundo o artigo, a partir do século 19, parasitologistas, não só brasileiros, mas de outros países, começaram a descrever, além dos agentes patogênicos, os vetores e os mecanismos de transmissão das diversas doenças causadas pelos parasitas.

Ciência & Saúde Coletiva – vol. 8 – nº 3 – São Paulo – 2003

www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232003000300015&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Medicina tropical
Perigo nas águas

O Brasil apresenta extenso litoral e a maior rede fluvial do mundo. Porém os envenenamentos e traumas causados por animais aquáticos são atualmente objeto de poucos estudos clínicos no país. Essa foi a justificativa para o estudo de Vidal Haddad Junior, da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Botucatu, que resultou no artigo Animais Aquáticos de Importância Médica no Brasil. O pesquisador lista os principais animais aquáticos que causam acidentes no país, além de apresentar aspectos clínicos dos envenenamentos e discutir medidas terapêuticas para o controle dos acidentes causados por peixes venenosos, como bagres, arraias e peixes-escorpião. O estudo mostra que, em 236 ocorrências de acidentes causados por animais marinhos observados pelo autor, os ouriços-do-mar foram responsáveis por cerca de 50% dos casos, os cnidários (cubomedusas e caravelas) por 25% e os peixes venenosos também por 25% dos acidentes. “Em um país de elevada produção científica na área dos acidentes por animais peçonhentos, é de lamentar que envenenamentos de graves conseqüências, como os provocados por algumas espécies de peixes, sejam passíveis de terapias nem sempre baseadas em dados cientificamente comprovados, mesmo em ambientes hospitalares”, diz Vidal.

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical – vol. 36 – nº 5 – Uberaba – set./out. 2003

www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86822003000500009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Meio ambiente
Organoclorados no rio Piracicaba

Estudar os níveis de pentaclorofenol, hexaclorobenzeno e quatro congêneres de bifenilas policloradas em águas e sedimentos da bacia do rio Piracicaba, interior de São Paulo, foi o objetivo do estudo de Marcelo Del Grande e Maria Olímpia Oliveira Rezende, do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo, e de Odete Rocha, do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade Federal de São Carlos. No artigo Distribuição de Compostos Organoclorados nas Águas e Sedimentos da Bacia do Rio Piracicaba/SP – Brasil, os pesquisadores verificam o uso indiscriminado de compostos sintéticos persistentes e acumulativos que, “juntamente com as cargas de contaminantes, são os principais meios de degradação dos ecossistemas aquáticos tropicais e da biota neles presente”, segundo os pesquisadores. “Muitos desses produtos químicos não afetam e não produzem efeitos colaterais aos seres vivos e ao ecossistema. Outros, devido principalmente às suas propriedades físico-químicas, podem afetar ou serem afetados pelo ecossistema, produzindo um grave desequilíbrio ambiental.” As amostras de água e sedimento foram coletadas em seis pontos da bacia do rio Piracicaba, correspondentes aos locais de captação de água para o abastecimento público das cidades de Limeira, Americana, Piracicaba, Santa Bárbara d’Oeste, Campinas e Sumaré, todas no Estado de São Paulo. Segundo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, a bacia abastece 42 municípios, sendo que seus rios recebem efluentes de 194 indústrias, além de efluentes domésticos de 40 munícipios, dos quais somente 13 possuem sistema de tratamento de esgotos. Os resultados observados no trabalho mostram que os níveis de concentração dos organoclorados nas amostras de sedimentos foram detectados em diferentes proporções e concentrações. Segundo os autores, os dados obtidos “fornecem indícios de contaminação na bacia, especialmente em alguns pontos, como em Piracicaba, Santa Bárbara d’Oeste, Sumaré e Campinas”.

Química Nova – vol. 26 – nº 5 – São Paulo – set./out. 2003

www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422003000500011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Pediatria
Por trás do choro do bebê

O Que os Pediatras Conhecem sobre Avaliação e Tratamento da Dor no Recém-nascido? Esta dúvida serviu como ponto de partida, e depois como título, do estudo realizado por Ruth Guinsburg, Rita Balda e Benjamin Kopelman, da Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo, e Aurimery Chermont, do Departamento Materno-Infantil II da Universidade Federal do Pará. O artigo resultante analisa os conhecimentos dos pediatras que atuam com pacientes neonatais em relação à identificação da presença de dor em bebês recém-nascidos. Os autores procuraram também verificar se existem diferenças entre os médicos que trabalham com bebês saudáveis e aqueles que atuam com neonatos criticamente doentes. Foi realizado um estudo com médicos pediatras de sete unidades de terapia intensiva e nos 14 berçários das maternidades existentes em Belém, no Pará. O questionário aplicado possuía 36 perguntas relativas aos dados pessoais, profissionais, socioeconômicos e informações relativas à dor “Cem por cento dos médicos referiram acreditar que o recém-nascido sente dor, mas apenas um terço deles conhecia alguma escala para avaliar os tipos de dor presente nessa faixa etária”, apontou o artigo. A maioria dos entrevistados disse que a dor era identificada por meio de parâmetros comportamentais como o choro, a mímica facial e a freqüência cardíaca. Entretanto, o estudo detectou que os pediatras demonstraram pouco conhecimento a respeito dos métodos de avaliação da dor no período neonatal, apontando que de fato há necessidade de atualização no tema. Os pesquisadores perceberam que os médicos estudados sabem que neonatos sentem dor e que é necessário tratar essa dor, mas há ainda uma lacuna enorme de conhecimentos para a aplicação prática desses conceitos. “Os médicos não incorporaram em sua prática clínica os métodos de avaliação da dor para essa faixa etária, nem as alternativas terapêuticas mais efetivas para o alívio dessa dor”, conclui o artigo.

Jornal de Pediatria (Rio de Janeiro) – vol. 79 – nº 3 – Porto Alegre – mai./jun. 2003

www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572003000300014&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Vacinas
Público e privado

O estudo O Mercado Privado de Vacinas no Brasil: a Mercantilização no Espaço da Prevenção, de José Gomes Temporão, professor da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, tem como objetivo analisar o mercado de vacinas no Brasil sob dois enfoques: o público e o privado. Segundo o autor, o mercado se divide em dois segmentos com práticas e lógicas distintas. O público seria voltado para a oferta do Sistema Único de Saúde (SUS) e o privado se organiza em torno de espaços como clínicas e consultórios. “As relações entre os dois e o volume de recursos envolvidos demonstram a penetração de práticas comerciais em um espaço até então de total hegemonia do poder público”, diz o estudo. O privado é analisado no artigo em relação à estrutura da oferta e da demanda. “Sua dimensão econômica revelou-se muito superior ao segmento público. Os números obtidos permitem considerá-lo como um dos principais segmentos de mercado da indústria farmacêutica no país, em termos de volume de vendas”, diz Temporão. Porém, pelo fato de ser um espaço desconhecido por gestores de políticas públicas e por especialistas, o estudo do segmento privado do mercado de vacinas buscou não apenas dimensionar o seu real peso econômico, mas também caracterizá-lo como um espaço de transformações importantes por causar grande impacto na organização das práticas assistenciais de prevenção no setor de saúde.

Cadernos de Saúde Pública – vol. 19 – nº 5 – Rio de Janeiro – set./out. 2003

www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000500011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

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