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Água e gás para erguer Veneza

Uma equipe de engenheiros italianos apresentou um plano para salvar Veneza do naufrágio. A idéia é bombear fluidos nos subterrâneos da cidade e erguer sua superfície (Nature, 15 de janeiro). A estratégia, coordenada por Giuseppe Gambolati, da Universidade de Pádua, retoma um plano de 1970. Mas incorpora avanços tecnológicos da indústria petrolífera acumulados nos últimos anos.

A cidade foi construída sobre centenas de ilhotas numa laguna a 4 quilômetros de terra firme. O problema é que o movimento do mar na laguna leva parte do lençol freático e faz a cidade afundar. As autoridades já tomaram providências, como a elevação da pavimentação em áreas de risco e a construção, ao custo de US$ 3,8 bilhões, de uma gigantesca e polêmica represa antiinundação, cujas comportas se fecharão em caso de elevação do mar, programada para entrar em operação em 2011.

Calcula-se que a eficiência da represa duraria no máximo cem anos – uma vez que a cidade continuaria afundando nesse período. Gambolati afirma que seu plano faria Veneza subir 30 centímetros em dez anos. “Isso ajudaria a aplacar os efeitos da elevação do mar e aumentaria a vida útil da represa”, diz. A estratégia consiste em injetar dióxido de carbono ou água do mar numa camada de areia de 600 a 800 metros abaixo da laguna. A camada se expandiria, entre a argila (abaixo) e a superfície rochosa (acima), erguendo a cidade.

A proposta dos anos 1970 previa a injeção a apenas 60 metros de profundidade. Críticos da proposta, como Rafael Bras, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dizem que é preciso avaliar melhor os efeitos antes de aplicá-la. O Corila, consórcio que coordena as pesquisas para salvar a cidade, dirá quem tem razão.

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