Imprimir PDF Republicar

Brasil

Fêmeas de muriquis param de migrar

As fêmeas de muriquis (Brachyteles arachnoides hypoxanthus) deixam o grupo em que nasceram quando chegam à idade reprodutiva: é uma forma de evitar cruzamentos com o pai ou irmãos, a chamada endogamia, que amplia o risco de formação de filhotes com baixa variabilidade genética. No entanto, Bárbara, uma das fêmeas de um grupo de muriquis da Estação Biológica de Caratinga, em Minas Gerais, resolveu permanecer entre aqueles com quem sempre conviveu. Só por causa disso foi possível determinar o início da maturidade sexual de Bárbara, que engravidou aos 7,2 anos, após copular pela primeira vez aos 5,5 anos, de acordo com um estudo realizado por Waldney Martins, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Karen Strier, da Universidade de Wisconsin, Estados Unidos, e publicado na Primates.

Segundo Martins, como sempre havia fêmeas novas entrando e saindo do grupo, não era possível saber, com precisão, o início da idade reprodutiva das fêmeas dos muriquis – algo importante para planejar as estratégias de conservação dessa espécie, ameaçada de extinção. Mas, para o pesquisador, o fato de Bárbara e de sua irmã mais velha, Bruna, terem permanecido no grupo, embora outras irmãs tenham migrado, é preocupante: “A mata pode ter atingindo sua capacidade de suporte, tornando-se pequena para a quantidade de animais, ou o grau de parentesco entre os grupos já é tão grande que não faz mais diferença entre migrar ou permanecer no grupo natal”. Desde que os muriquis de Caratinga começaram a ser acompanhados, há 20 anos, é a primeira vez que convivem a mãe, suas duas filhas e netos no mesmo grupo. Tornou-se mais provável o risco de cruzamentos entre familiares.

Republicar