Imprimir PDF Republicar

mundo

Como estocar as sobras do gás

Uma equipe de pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) descobriu três estruturas geológicas subterrâneas, próximas à Região Metropolitana de São Paulo, que poderão ganhar destinação inédita no Brasil: a estocagem de gás natural trazido da Bolívia ou das reservas recém-descobertas na bacia de Santos. Cada uma delas tem potencial para armazenar cerca de 1,6 bilhão de metros cúbicos do gás.

A pesquisa foi patrocinada pela Petrobras e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que investiu R$ 661 mil no projeto, utilizando recursos do Fundo Setorial do Petróleo e Gás Natural, o CT-Petro. A Petrobras encomendou a pesquisa há três anos, preocupada em formar estoques reguladores de gás natural no Estado de São Paulo, para o caso de haver problemas de fornecimento da Bolívia.

O interesse pelos reservatórios aumentou quando foram descobertas reservas de 400 bilhões de metros cúbicos de gás natural na bacia de Santos, a 140 quilômetros do litoral paulista. Com a abundância de gás, haverá incentivos para a ampliação do consumo no país – justificando a existência de reservatórios próximos a centros urbanos capazes de prevenir oscilações de fornecimento.

A prospecção foi feita com técnicas semelhantes às que procuram reservatórios de petróleo – embora o que se deseje sejam estruturas vazias. O grupo do IPT visitou países europeus como França e Alemanha, pioneiros nesse tipo de estocagem, que garante o fornecimento de gás para o aquecimento das residências.

“Os franceses são bastante ousados nessa tecnologia e já buscam estruturas a menos de 500 metros abaixo do solo”, diz Wilson Iyomasa, responsável pela pesquisa no IPT. “As nossas ficam entre 500 metros e 2 quilômetros de profundidade.” O próximo passo é fazer um levantamento geofísico tridimensional sobre as estruturas descobertas. Por razões estratégicas, o IPT e a Petrobras mantêm sigilo sobre a localização dos futuros pólos de estocagem.

Republicar