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Mundo

Ética abandonada no orfanato

A denúncia de que pesquisadores britânicos agiram de modo antiético numa pesquisa envolvendo crianças de um orfanato em Nairóbi, Quênia, mobiliza o país africano. No dia 23 de maio, o jornal Sunday Nation, de Nairóbi, publicou reportagem denunciando irregularidades no uso das crianças em experimentos sobre Aids.

O orfanato Nyumbani tem atraído a atenção da comunidade científica internacional porque muitas das crianças que vivem ali, embora sofram de Aids, parecem controlar a infecção sem medicamentos, sobrevivendo além das expectativas normais e com o sistema imunológico preservado.

Na reportagem, o pesquisador da Universidade de Cambridge Eric Miller é acusado de ter conduzido um estudo no orfanato, em abril, sem ter autorização do governo. O jornal faz outra denúncia: um grupo da Universidade de Oxford que visitou o centro em 2001 teria enviado para o exterior amostras de sangue das crianças sem pedir permissão. O Conselho Nacional para Ciência e Tecnologia do Quênia está investigando o caso.

O advogado do orfanato, Ababu Namwamba, diz que elas não fazem sentido e têm origem em um ex-funcionário descontente com a demissão ocorrida em 2001. Numa declaração preparada por Namwamba, ele afirma que Miller não fez pesquisa alguma, apenas visitou a instituição com vistas a um futuro trabalho sobre o impacto de suplementos alimentares no avanço do HIV.

Os pesquisadores de Oxford, que produziram dois trabalhos científicos sobre as crianças de Nyumbani, garantem que foram autorizados a realizar o estudo (Nature, 2 de junho).

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