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Brasil

A dança das estrelas

Surge por fim a mais contundente evidência científica de que Eta Carinae, a maior e mais luminosa estrela da nossa galáxia, não é uma, mas duas estrelas – uma maior e outra menor. Envoltas por imensas nuvens de gases e poeira, as duas estrelas giram juntas, como um casal que dança valsa e ora se aproxima, ora se afasta, em ciclos com cinco anos e meio de duração.

Os astrofísicos João Steiner e Augusto Damineli, da Universidade de São Paulo, obtiveram a mais forte prova até o momento de que é assim que a Eta Carinae se comporta ao analisar a variação da tênue luz que chega à Terra, emitida por átomos de hélio no vento da estrela menor. Eles registraram essa luz durante três ciclos de aproximação e constataram: quando as estrelas se aproximam, os ventos lançados por elas colidem e geram raios X de alta intensidade.

Essa radiação ioniza o hélio do vento da estrela menor, que então emite uma luz azulada típica. Em um estudo a ser publicado no Astrophysical Journal Letters, os astrofísicos mostram que a luz azulada vem de uma região bem próxima à atmosfera da estrela menor.

Só a luz de hélio escapa das nuvens de gás, que aprisionam uma energia equivalente à de 10 mil sóis. “Essa é a ponta do iceberg”, diz Damineli. “Eu sabia que algo importante ocorria ali, mas foi Steiner quem viu a montanha de energia por trás da luz de hélio.”

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