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Mundo

Ciência contra o subdesenvolvimento

As soluções para combater a pobreza oferecidas pela ciência e a tecnologia são freqüentemente subutilizadas pelos governos dos países em desenvolvimento, advertem os 27 conselheiros das Nações Unidas que compõem a força-tarefa do Projeto Millennium, incumbido de apontar saídas para reduzir a miséria e melhorar a qualidade de vida no planeta nos próximos dez anos. Num relatório apresentado ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, os conselheiros propuseram que cientistas ganhem o mesmo espaço de economistas e burocratas na formulação de políticas públicas nos países pobres. Caso contrário, não serão atingidas as metas estabelecidas pelo Projeto Millennium.

“Competências técnicas e científicas determinam a capacidade de cada nação de fornecer água limpa, boa assistência médica, infra-estrutura adequada e segurança alimentar”, diz Calestous Juma, da Universidade Harvard, coordenador do relatório. “A tragédia causada pelo tsunami na Ásia é emblemática.”

O quanto se investiu na tecnologia existente para prevenir uma catástrofe dessa magnitude? Os países desenvolvidos, que agora destinam milhões de dólares na ajuda às nações afetadas, também deveriam refletir sobre isso.” O relatório aponta a tecnologia de informação, a biotecnologia, a nanotecnologia e a engenharia de materiais como os campos do conhecimento especialmente vitais para a transformação econômica sustentável.

“Como as universidades têm um papel vital a desempenhar nesse processo, também é preciso encontrar meios de reduzir o êxodo de seus pesquisadores mais talentosos para as nações ricas, como acontece hoje”, diz Juma. Entre os bons exemplos citados pelo relatório está um sistema de tratamento de água de baixíssimo custo, desenvolvido no Uruguai para seus soldados em missões de paz na África na década de 1990.

Mais de 120 sistemas foram instalados no próprio Uruguai, ajudando a reduzir a incidência de doenças como a cólera. Também ganhou elogios a Universidade Virtual da África, que a partir deste ano usará a internet para treinamento a distância de professores em 17 países do continente. Baseada em Nairóbi, no Quênia, a universidade existe desde 1997 e já deu treinamento a 23 mil pessoas nas áreas de jornalismo, negócios, ciências da computação, entre outras. Por fim, o documento sugere mudanças na própria ONU: a nomeação de um conselheiro científico do secretário-geral seria um ótimo exemplo, propõe a força-tarefa. (BBC, 6 de janeiro)

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