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Brasil

Mais resistente e nutritiva

Uma mandioca mais resistente a doenças e com três vezes mais quantidade de proteínas do que a encontrada nos exemplares existentes no mercado foi obtida por meio de cruzamento genético realizado pelo professor Nagib Nassar, da Universidade de Brasília (UnB). “O cruzamento entre espécies silvestres e a mandioca cultivada resultou em um produto híbrido, geneticamente melhorado em comparação com a planta nativa”, diz o pesquisador, que conseguiu, por meio de duplicação cromossômica, chegar a uma variedade com 5,5% de proteínas, enquanto a mandioca comum tem 1,5%.

A nova variedade pode ser utilizada para substituir parcialmente o trigo usado na panificação, porque a quantidade de proteínas do cereal, em torno de 7%, e a do tubérculo se equivalem. Os estudos realizados por Nassar foram iniciados na década de 1970, quando estava na Universidade do Cairo, no Egito, e integrava um grupo de pesquisas que procurava uma maneira de contribuir para combater a fome no continente africano.

“A mandioca foi apontada como uma das culturas mais eficientes para ser produzida nas condições climáticas severas do continente”, diz Nassar. Em 1974, por conta de um acordo de intercâmbio de pesquisa entre Brasil e Egito, Nassar veio para cá, onde começou a se dedicar a estudos de melhoramento genético da planta. “Qualquer melhoramento da mandioca tem que passar pelo Brasil, local de origem da planta”, explica o pesquisador, que iniciou seus estudos em 1975 com a coleta de mandioca silvestre do Nordeste brasileiro.

Depois de trabalhar em híbridos da mandioca, enviou exemplares ao Instituto Internacional de Agricultura Tropical, entidade que trata da questão dos alimentos no mundo, para que fossem selecionados. “Passados alguns anos, os híbridos que mostraram alta superioridade foram distribuídos aos agricultores africanos e hoje são cultivados em 2 milhões de hectares na Nigéria”, conta. As pesquisas do professor resultaram em cinco indicações ao Prêmio Mundial para a Alimentação (World Food Prize).

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