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Mundo

Os vencedores do Nobel 2005

O inimigo revelado
A descoberta de que uma bactéria – e não apenas o estresse, como se imaginava – causa úlceras e gastrites rendeu o Nobel de Medicina aos australianos Barry Marshall, 68 anos, e Robin Warren, 54. Graças a eles a úlcera perdeu o status de doença crônica e tratada com cirurgias para ser debelada a poder de antibióticos. Foi Warren o primeiro a notar a existência da bactéria Helicobacter pylori na parte inferior do estômago de pacientes com úlcera. Marshall interessou-se pelo achado e chegou a se infectar para evidenciar a relação com a moléstia.”O trabalho produziu uma das mudanças mais radicais e importantes dos últimos 50 anos na percepção de uma condição médica”, disse Lord May, presidente da Sociedade Real da Grã-Bretanha.

Cada um à mercê de si mesmo
O dramaturgo britânico Harold Pinter, 75 anos, vencedor do Nobel de Literatura, é autor de 29 peças teatrais, entre elas A volta ao lar, Festa de aniversário, A mulher do tenente francês O zelador. A Academia Sueca justificou a escolha argumentando que a obra de Pinter “devolveu ao teatro seus elementos básicos: um espaço fechado e um diálogo imprevisível e realista, em que cada um está à mercê de si mesmo e as pretensões se desmoronam”. Suas peças partem de personagens e situações aparentemente normais, mas mergulham numa atmosfera ameaçadora, em que é marcante sua preocupação com as relações entre opressores e oprimidos.

Como lidar com a ameaça nuclear
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e seu diretor-geral, o egípcio Mohamed El Baradei, foram agraciados com o Nobel da Paz “pelos esforços destinados a impedir que a energia nuclear seja utilizada com fins militares”, disse Ole Mjoes, presidente do Comitê Nobel. A AIEA é um órgão das Nações Unidas sediado em Viena. Seus objetivos são prevenir a proliferação de armas nucleares e  melhorar a segurança das instalações atômicas. El Baradei defende uma combinação de inspeções rigorosas e diplomacia para solucionar crises como a do Irã, acusado de desenvolver armas nucleares. Sua postura foi criticada pelos Estados Unidos, que defendem estratégia mais agressiva.

O pôquer de cada conflito
O israelense Robert Aumann, 78 anos, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, e o norte-americano Thomas Schelling, 84 anos, da Universidade de Maryland, conquistaram o Nobel de Economia por um conjunto de estudos que utilizou a teoria dos jogos na análise de conflitos variados, das disputas comerciais à corrida armamentista. A teoria é uma ferramenta matemática que descreve a interação entre agentes com interesses opostos. Na Guerra Fria, Schelling mostrou que a capacidade de represália nuclear era mais eficiente que a capacidade de resistir a um ataque.

A coerência da luz
Os norte-americanos Roy Glauber e John Hall e o alemão Theodor Haensch foram agraciados com o Nobel de Física em reconhecimento aos trabalhos que utilizam a teoria quântica para estudar os fenômenos ópticos. Glauber vai receber a metade dos R$ 3 milhões do prêmio, pela descrição teórica de comportamentos de partículas de luz. Hall e Haensch, que levaram a teoria à prática, dividirão a outra metade. Eles desenvolveram um espectroscópio de precisão baseado em raios laser, que permite determinar a cor da luz de átomos e moléculas. Haensch, 63 anos, é professor da Universidade Ludwig-Maximilian, de Munique. Glauber, 80 anos, é professor da Universidade Harvard. Hall, 71 anos, trabalha na Universidade do Colorado.

A dança das moléculas
O Nobel de Química foi concedido ao francês Yves Chauvin e aos americanos Robert H. Grubbs e Richard R. Schrock, pelo desenvolvimento do chamado “método metatísico na síntese orgânica”, que abriu caminho para a criação de remédios inovadores. A metátese é uma reação em que cadeias duplas de átomos de grupos similares se trocam entre si. “É comparável a uma dança de grupo em que os casais ficam mudando de par”, resumiu o comunicado da academia. Chauvin, 74 anos, foi o primeiro a explicar o funcionamento dessas reações. Schrock, 60 anos, conseguiu em 1990 produzir um composto metálico com a função de catalisador na metátese. Dois anos mais tarde, Grubbs, 63 anos, desenvolveu um catalisador mais eficaz. A reação, hoje uma das mais relevantes da química, é aplicada no desenvolvimento de remédios e de materiais plásticos.

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