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Mundo

Persona non grata

Os Estados Unidos negaram visto de entrada no país ao engenheiro químico cubano Vicente Vérez Bencomo, que havia sido convidado a participar de um simpósio internacional em Boston, no qual seria homenageado e receberia dois prêmios oferecidos pelo Museu de Inovação do Instituto Tecnológico de San José, na Califórnia. Bencomo ajudou a desenvolver uma vacina sintética contra a Haemophilus influenzae tipo B, bactéria que provoca meningite, pneumonia e outras infecções e causa a morte de mais de meio milhão de crianças por ano no mundo. A vacina cubana, batizada comercialmente de Quimi-Hib, oferece 99,7% de proteção em longo prazo. Os dois prêmios conquistados pelo cubano foram disputados por 560 pesquisadores provenientes de 80 países. Sua vacina foi incluída no rol de 25 pesquisas mundiais que notavelmente beneficiaram a humanidade. Ele também foi um dos nove ganhadores na categoria Saúde Humana, com direito a receber US$ 50 mil. O cientista de 52 anos classificou como ofensiva a razão exposta pelo governo dos Estados Unidos para negar sua entrada: o de ser um indivíduo prejudicial para o país. “O que fiz nos últimos 15 anos de minha vida foi criar uma vacina para salvar vidas de crianças e não compreendo que o fato de divulgá-la seja prejudicial”, afirmou ao site SciDev.Net . “Os Estados Unidos temem a presença de pesquisadores cubanos dentro de suas fronteiras porque demonstramos em nossas conferências que um país com um regime político diametralmente oposto ao norte-americano consegue obter alta preparação cultural e técnica”, disse. Por sugestão do professor da Escola de Medicina da Universidade John Hopkins, Ronald Schnaar, Bencomo gravou sua exposição, que pôde ser vista pela internet pelos participantes do simpósio de Boston. Ele voltará a pedir o visto para visitar os Estados Unidos. Afinal, foi convidado a fazer duas conferências em março, na Universidade do Sul de Illinois.

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