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Mundo

Os mandarins da academia

Duas vozes respeitáveis criticaram os privilégios acumulados por membros de academias científicas da China, acusados de abandonar suas obrigações nos laboratórios, inebriados pelas delícias do poder. Em carta publicada pelo jornal Science Times, de Pequim, o chinês radicado nos Estados Unidos Yu-Chi Ho, professor da Universidade Harvard, afirmou que a hierarquia da pesquisa chinesa cria sinecuras e desencoraja a inovação. “Em muitos países ocidentais, pertencer a uma sociedade acadêmica é só um título honorário, mas na China isso garante um status abusivo”, declarou, referindo-se aos rumores de que certos membros aceitam suborno de cientistas que querem ser indicados como novos integrantes. Ho é um dos 713 integrantes da Academia de Ciências da China e recebe modestos US$ 124 mensais (cerca de R$ 262) para participar de suas reuniões. Mas o cargo é cobiçado porque governos provinciais e universidades conferem aos acadêmicos salários altos e poder sobre a distribuição de verbas. Wu Mengchao, membro da Academia de Ciências da China e vencedor do mais importante prêmio de ciência do país, endossou as críticas em entrevista ao mesmo Science Times. Ele disse que boa parte dos acadêmicos parou de fazer pesquisa e não se constrange em dar palpites sobre especialidades alheias.

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