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Recursos Humanos

Semente vigorosa

Pela primeira vez a Embrapa contrata mestres e doutores para investir em novas tecnologias

Cerca de 3.500 mestres e doutores estão disputando 271 vagas de pesquisador num concurso que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) realiza em todo o país. O processo seletivo, que deve ser concluído neste mês, tem formato e propósito inéditos na história da instituição. Pela primeira vez a Embrapa dispõe-se a renovar seus quadros buscando 24 mestres e 271 doutores, quando, em sua trajetória, sempre optou por contratar profissionais jovens e patrocinar sua formação em pós-graduação. “O sistema brasileiro de pós-graduação amadureceu e está produzindo grande quantidade de bons pesquisadores, ávidos por oportunidades de trabalho. Dos 10 mil doutores formados a cada ano, mil estão na área de ciências agrárias”, diz o presidente da Embrapa, Silvio Crestana. “Não oferecemos salários espetaculares e ainda assim conseguimos atrair um número significativo de participantes do concurso”, afirma. A remuneração oferecida vai de R$ 3.660,61 a R$ 4.886,86 mensais.

A principal justificativa para o concurso é a necessidade premente de renovar os quadros da Embrapa. Com 37 centros de pesquisa espalhados pelo país, a empresa tem mais de 2 mil pesquisadores na ativa, sendo pouco mais de um terço com nível de mestrado e quase dois terços com doutorado e pós-doutorado. Mas, com 33 anos de idade, enfrentará em breve a aposentadoria de centenas de profissionais – justamente aqueles que ajudaram a montar a empresa. Estima-se que, até 2009, mais de 700 pesquisadores deixem a empresa. As ambições do processo seletivo vão muito além da reposição de recursos humanos. Parte das vagas oferecidas está vinculada a campos do conhecimento emergentes nos quais a Embrapa decidiu criar massa crítica. Os 21 profissionais recrutados para a área de sistemas de produção agroenergéticos, por exemplo, auxiliarão na formação de uma rede de pesquisa que, mais adiante, servirá de base para a criação de uma nova unidade da empresa, a Embrapa Agroenergia.

A empresa fez um levantamento criterioso para determinar o perfil das vagas. Definiu algumas demandas do setor para o momento, como defesa sanitária, agroenergia, agroecologia, mudanças climáticas, e as áreas promissoras para o futuro, caso de segurança alimentar, biologia avançada, nanotecnologia e rastreabilidade. Na maioria delas, abriu vagas para profissionais com diploma de doutorado. Em outras, nas quais o Brasil ainda não tem uma tradição, ofereceu vagas para mestres. Mas as vocações consagradas da empresa nem de longe foram esquecidas. “Também estamos procurando profissionais em áreas que dominamos, para manter a competência que já existe”, afirma Silvio Crestana. “Com o melhoramento genético tradicional, criamos variedades de diversas culturas, como arroz, feijão, milho, trigo e soja, que estabeleceram uma tecnologia brasileira e tropical. É nossa preocupação não perder massa crítica.” Parte dos cargos, não por acaso, vincula-se a áreas em que a empresa tem tradição, como sistemas de produção sustentável (40 vagas), recursos genéticos e melhoramento vegetal (30) e uso sustentável de recursos naturais (28). Os contratados começarão a trabalhar no segundo semestre.

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