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Tecnociência

Intoxicações em alta escala

No Mato Grosso do Sul os agrotóxicos estão eliminando mais do que as pragas agrícolas. Estão matando os trabalhadores rurais, segundo estudo publicado na Science of the Total Environment. Nesse trabalho Maria Celina Recena e Dario Pires, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, e Eloisa Dutra Caldas, da Universidade de Brasília, analisaram 1.355 casos de envenenamento por defensivos agrícola registrados no estado de 1992 a 2002. Encontraram dados alarmantes: em 37% dos casos, a intoxicação foi intencional. Embora os casos de envenenamento no Mato Grosso do Sul representem só 2,4% das intoxicações por pesticidas no país, a proporção de mortes ali é de 13%, quatro vezes superior à média nacional. Os mais atingidos são os homens, com idade entre 20 e 50 anos. A taxa mais elevada de intoxicação foi encontrada na região da capital, Campo Grande, provavelmente porque ali o registro das intoxicações é mais preciso do que no restante do estado — estima-se que para cada caso de envenenamento registrado no país existam outros 50 não-identificados. A segunda região mais afetada é a de Dourados, pólo agrícola e segunda maior produtora no Mato Grosso do Sul de algodão, cultura que consome quase 80% dos agrotóxicos usados no Brasil. O país é o terceiro maior consumidor de defensivos agrícolas do mundo.
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