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Estratégias

Olhar para todos os lados

Da Agência Fapesp

Sob o título de maior reunião científica da América Latina, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizou na cidade de Florianópolis, entre 16 e 21 de julho, a 58ª edição da sua reunião anual. Mais uma vez milhares de pessoas entre estudantes, professores, jovens e gestores públicos sentaram à mesa para discutir os problemas do Brasil. O encontro manteve-se como espaço para as reivindicações – o que foi feito sob o lema “semeando a interdisciplinaridade”. Com o espírito de olhar para todos os lados e também para a frente, várias discussões ocorreram nas instalações da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Pesquisa cerceada
Um dos pontos altos do encontro foi a reação de um grupo de pesquisadores que estudam a biodiversidade brasileira ao excesso de rigor das normas para a coleta de material biológico, debate que envolveu também a medida provisória, ainda parada na Casa Civil, que vai regulamentar o acesso ao patrimônio genético. Nas palavras da pesquisadora Ima Vieira, diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi, “a instituição sofreu quatro constrangimentos no último ano por causa da acusação de biopirataria que surgiu contra pesquisadores da Casa”. Os representantes do Ibama presentes na reunião garantiram que as novas instruções normativas irão desburocratizar as coletas.

Gripe aviária
No campo da saúde, as doenças emergentes e principalmente a gripe aviária foram alvos de debates. Para o virologista Edson Durigon, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, apesar de a pandemia não ser algo inevitável, o risco de a gripe aviária passar a atingir o homem em grande escala – o que mataria até 5% da população da Terra – existe e não pode ser ignorado. Os epidemiologistas estão diante de um fato inédito. Estão conseguindo assistir como se desenvolve uma nova doença, praticamente em tempo real.

Discursos sociais
Apesar da saúde humana em geral estar sempre em risco, por causa das doenças globalizadas, determinadas áreas geográficas do país estão também em constante pressão. Foi o que mostraram duas representantes da comunidade científica brasileira. A antropóloga Bertha Becker, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, continua com sua visão amazônica aguçada. Para ela, a omissão do Estado na região está na raiz da maioria dos problemas. Niéde Guidon, a defensora número um do Parque Nacional da Serra da Capivara, ameaçou deixar o país até o fim do ano se a região não receber ajuda financeira do governo federal.

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