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Educação

Conceito de qualidade

EDUARDO CESARO estudo examinou o conceito de qualidade de ensino no contexto das principais políticas globais e regionais propostas por agências financiadoras internacionais (como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento), por acordos internacionais e também pela sociedade civil global (como o Fórum Social Mundial e o Fórum Mundial de Educação). De acordo com o artigo “Qualidade de ensino e gênero nas políticas educacionais contemporâneas na América Latina”, de autoria de Nelly P. Stromquist, da University of Southern Califórnia, a análise do conteúdo dos discursos desses grupos distintos e influentes revela que a qualidade é definida e avaliada exclusivamente em termos cognitivos e reduzida a duas habilidades básicas: matemática e leitura. A qualidade, portanto, está dissociada de processos de transformação social, aos quais a educação deveria prestar uma contribuição essencial. Políticas globais de grande vulto, como o Educação para Todos e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, não consideram a importância da introdução da conscientização de gênero na concepção de uma educação de qualidade. Seus objetivos contemplam o gênero somente no que se refere ao acesso igualitário de meninas e meninos à escola. A autora argumenta que a não-inclusão do gênero no currículo e a não-formação de professores para reconhecer as questões de gênero nas práticas cotidianas da escola contribuem para a persistência de valores e práticas que reafirmam distinções arbitrárias e assimétricas entre homens e mulheres.  Numa perspectiva feminista, a autora enfatiza que é necessário a qualidade ultrapassar a questão do acesso e incluir o tratamento igualitário de meninas e meninos na sala de aula, bem como um conteúdo curricular que despolarize o conhecimento das identidades de gênero que afetam o cotidiano das pessoas, tais como educação sexual, violência doméstica e cidadania.

Educação e Pesquisa — v. 33 — nº 1 — São Paulo — jan./abr. 2007

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