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Abrolhos

Canto silenciado

Dança nupcial: machos de baleia-jubarte expõem a cauda ao cantar

renata sousa-lima / ufmgDança nupcial: machos de baleia-jubarte expõem a cauda ao cantarrenata sousa-lima / ufmg

Entre julho e novembro, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, na costa sul da Bahia, é palco das atividades reprodutivas de cerca de 3 mil baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae). Por elas passam barcos com turistas, que somam entre 4 mil e 5 mil pessoas por ano, sinal da curiosidade que esses enormes mamíferos aquáticos despertam. A bióloga Renata Sousa-Lima, agora na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e associada ao Instituto Baleia Jubarte, mostra que a atividade pode ser nociva. Em parceria com o norte-americano Christopher Clark, da Universidade Cornell, ela usou gravadores especializados em captar sons na água para monitorar as baleias. Os resultados, publicados em abril de 2008 na Canadian Acoustics e a sair em edição futura da Park Science, mostram que os machos não encaram bem a competição com barcos quando cantam para atrair as fêmeas. Entre nove machos monitorados, quatro se afastaram e pararam de cantar com a aproximação de um barco. Os outros cinco continuaram a cantar, mas também se afastaram. A observação preocupa: é possível que a situação favoreça os machos mais destemidos que, habituados aos barcos, podem ficar mais sujeitos a acidentes. Estudos mais detalhados podem ajudar a definir um nível de tráfego que não atrapalhe a reprodução das baleias.

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