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drosófila

Viagem no tempo

EDUARDO CESARDrosófila: evolução às avessasEDUARDO CESAR

Se fosse possível voltar o filme da vida para trás e começar outra vez, será que a evolução se daria da mesma maneira? A essa pergunta, popularizada pelo evolucionista norte-americano Stephen Jay Gould, pesquisadores costumam responder que não. Mas talvez sim – pelo menos às vezes –, segundo mostra o experimento liderado pelo geneticista Henrique Teotónio, do Instituto Gulbenkian de Ciências, em Portugal, detalhado na edição de janeiro da Nature Genetics. No que consideram ser o experimento evolutivo mais abrangente com uma espécie de reprodução sexuada, os pesquisadores submeteram moscas-das-frutas (Drosophila melanogaster) as duas décadas de seleção natural em três ambientes distintos que favoreceram a sobrevivência e a reprodução de moscas que se reproduziam mais precocemente, mais no fim da vida ou que eram mais resistentes à escassez de alimento. Em seguida, o grupo de Teotónio pôs as drosófilas de volta no ambiente original por 50 gerações e verificou que elas se adaptaram: a evolução foi revertida. O material genético revelou ainda que a adaptação não se deu por meio de mutações, mas de alterações nas frequências das diferentes versões de cada gene – os alelos. Além disso, o estudo suscita uma reflexão. Mesmo aparentemente idênticas à forma ancestral, as moscas readaptadas podem ser geneticamente diferentes. Como usar essa informação para definir biodiversidade?

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