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Fundação Conrado Wessel

Apoio ao desenvolvimento nacional

Fundação Conrado Wessel investiu 60,5% de seu orçamento, por 10 anos, para premiar arte, ciência, cultura e fazer doações

Moises Bonella: bolsa no exterior e apresentação na festa dos Prêmios FCW

Cláudio etgesMoises Bonella: bolsa no exterior e apresentação na festa dos Prêmios FCWCláudio etges

Nos últimos 10 anos a Fundação Conrado Wessel (FCW) destinou, em média, 60,5% de seu orçamento bruto para o apoio à arte, à ciência e à cultura e doações. Os restantes 39,5% foram usados em despesas de manutenção patrimonial, administração e apoio a entidades. Os números indicam como a fundação acredita na premissa exaustivamente confirmada de que não pode haver crescimento de um país sem a contribuição da ciência. Também não se deve esquecer que a necessidade preliminar do investimento em ciência é o investimento em educação. Portanto, para o desenvolvimento nacional é preciso oferecer uma educação sólida a todos os cidadãos. Será o crescimento social de uma população educada e preparada que gerará as melhores formulações para o desenvolvimento nacional. A FCW tem dirigido a maior parte de seu orçamento para ajudar nessa evolução.

Desde 2001 a fundação distribui anualmente os Prêmios FCW aos melhores cientistas, artistas e escritores do país. E desde 2007 patrocina o Prêmio Almirante Álvaro Alberto, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Também concedeu 15 bolsas de estudo complementares no exterior para os ganhadores dos Grandes Prêmios Capes de Teses e uma bolsa de graduação em música, de quatro anos, na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. Bancou a publicação de 15 edições dos Anais da Academia Brasileira de Ciências e de seis livros, três científicos e três de ficção. Com a FAPESP, publica anualmente este suplemento especial, completando agora oito anos de parceria.

Foi o fotógrafo, inventor e empresário da indústria fotográfica Ubaldo Conrado Augusto Wessel quem propôs esse apoio à arte, à ciência e à cultura e colocou seu patrimônio à disposição dessa ideia. Seus objetivos se concentraram em duas linhas de atuação. Uma delas era fazer “aporte de recursos para utilização educativa, cultural e científica”, mediante doações. Para isso, a fundação recebeu uma relação de entidades definidas por ele, por meio das quais ela destina anualmente os recursos à educação e à formação cultural e científica. São elas: Aldeias Infantis SOS do Brasil, Associação Benjamin Constant, Corpo de Bombeiros da Polícia Militar, Exército de Salvação, Fundação Antonio Prudente. As demais entidades são escolhidas pela diretoria da fundação e indicadas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.

Outra meta de Conrado Wessel era distribuir prêmios a cientistas e artistas como forma de incentivo. A FCW tratou então de buscar parceria com instituições nacionais ligadas à ciência e à cultura. Essas instituições determinam os nomes a premiar mediante reunião de seus representantes na Comissão Julgadora dos Prêmios FCW. São elas: FAPESP, Academia Brasileira de Letras, Academia Brasileira de Ciências, CNPq (órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes, órgão do Ministério da Educação), Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). As premiações distinguem pesquisadores, escritores e artistas brasileiros reconhecidos internacionalmente e é essa uma das razões que levaram a fundação a se tornar referência nacional no meio acadêmico.

A FCW nasceu oficialmente como instituição privada em 1994 para se cumprir o desejo de Wessel, expresso em testamento feito em 1988, cinco anos antes de sua morte. No documento está determinada a criação da fundação à qual destinava “todos os bens” para cumprir as duas incumbências exigidas por ele. Como determina a lei, a FCW funciona sob a vigilância do Ministério Público e é gerida por administradores que devem seguir o estatuto e a legislação. Para evitar o colapso do patrimônio original, crescer e impedir que a organização se torne insolvente é preciso que a administração seja eficiente e parcimoniosa na gestão.

Wessel legou um patrimônio inicial constituído de 41 imóveis na capital paulista, em grande parte alugados, nos bairros da Barra Funda, dos Campos Elísios e de Santa Cecília, que totalizavam 18.722 metros quadrados (m²) de área construída. E seis outros imóveis em Higienópolis, onde deveria ser erguido “um empreendimento imobiliário cuja renda seria destinada à concessão de prêmios”, de acordo com o testamento. A gestão de seu patrimônio demonstra um crescimento de 630% a partir de 2000, quando terminou a transição do espólio de Wessel para a fundação e, simultaneamente, tomou posse a nova administração, que imprimiu outra dinâmica para reverter o perfil de rentabilidade patrimonial: desconcentrou, construiu novos e maiores prédios, fez aquisições e atualizou a carteira imobiliária. Hoje são 51 imóveis e mais de 22.000 m² construídos.

Um Conselho Curador e uma Diretoria Executiva formam a administração da FCW. A gestão da primeira diretoria foi iniciada em 1995 e para ela Wessel havia indicado os seus testamenteiros como diretores nos três primeiros anos da fundação. O Ministério Público nomeou os dois testamenteiros – um diretor administrativo e um diretor gerente financeiro – que ocuparam a direção por tempo de mandato superior ao especificado pelo fundador Wessel. Eles permaneceram nos cargos não por três, mas por cinco anos.

Diploma do CNPq que homenageia a FCW

eduardo cesar Diploma do CNPq que homenageia a FCWeduardo cesar

Para o Conselho Curador, Wessel não indicou ninguém, mas o Ministério Público nomeou um afilhado dele em sua homenagem. Desse conselho também fazem parte permanentemente três representantes das entidades beneficiárias, ou seja, aquelas que recebem uma doação significativa da FCW a cada ano. No caso, a Fundação Antonio Prudente, o Corpo de Bombeiros e a Associação Benjamin Constant. Após o período de transição e auditoria dos bens houve a posse da nova Diretoria Executiva em fevereiro de 2000. A partir daí, o legado de Wessel foi administrado de acordo com os objetivos definidos para o patrimônio da FCW.

Esses objetivos são dois, como já foi dito acima: doações e prêmios à arte, à ciência e à cultura. As doações vêm dos recursos obtidos com as locações dos imóveis. Os prêmios distinguem os nomes reconhecidos na ciência geral, na ciência aplicada ao campo, à água, ao meio ambiente, à tecnologia, à biologia; na medicina; e na cultura. Para esse fim, a fundação usou os seis imóveis de Higienópolis para transformá-los no empreendimento Shopping Pátio Higienópolis.

Na época surgiram numerosas propostas para os seis terrenos. A mais atraente delas foi construir um shopping. Entretanto eram necessários no mínimo 15.000 m² de área e a fundação tinha apenas 68% do necessário. Para chegar aos 100% foi preciso se unir a mais dois proprietários vizinhos, a Obra de Santa Zita e a empresa Plaza. O conjunto então formado atingiu 15.223,22 m². A participação no empreendimento foi estabelecida em 25% das cotas para a FCW e a Obra de Santa Zita; e 75% para o investidor responsável pelo custo de implantação e construção. Como tinha 68% da área, a fundação recebeu 17% das cotas (68% x 25% = 17%); e como a Obra Santa Zita detinha 32% da área, ficou com 8% das cotas (32% x 25% = 8%). O Shopping Pátio Higienópolis foi construído e é de seu movimento comercial que vem a maior parte da renda destinada aos vencedores dos Prêmios FCW.

Para conceder os prêmios de Ciência e Cultura a personalidades ou entidades de reconhecimento nacional, a fundação tem oito instituições parceiras. A partir deste ano a Marinha do Brasil integrará permanentemente a Comissão Julgadora dos Prêmios FCW de Ciência e Cultura. Na concessão do prêmio de Arte, a comissão julgadora é formada por fotógrafos e publicitários vinculados à APP, Abrafoto, revista About, revista Fotografe Melhor, Biblioteca Nacional, Clube de Criação de São Paulo, PUC-Rio, Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), Fotosite, Museu da Imagem e do Som, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas e Universidade de São Paulo.

Depois de 10 anos de investimento em prêmios para ciência e em bolsas de estudo, foi possível apreciar um resultado notável. Na festa da premiação dos ganhadores de 2010, realizada na Sala São Paulo em junho de 2011, na capital paulista, houve a apresentação do violinista Moises Bonella, acompanhado pelo pianista Ney Fialkow, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bonella, de 22 anos, ganhou bolsa de quatro anos (2007-2011) da FCW para cursar música na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, estimulado pelo pianista Arnaldo Cohen. Talentoso, em abril o jovem músico recebeu da própria universidade norte-americana o Artistic Excellence Award.

Também em abril, durante a festa de aniversário de 60 anos do CNPq, a instituição federal homenageou a FCW com uma Menção Honrosa de Agradecimento aos serviços prestados no reconhecimento do valor científico no Brasil.

Apenas uma parte das atividades da FCW está exposta nesta edição. O destaque é para os perfis dos ganhadores dos prêmios de Ciência, Medicina e Cultura (a partir da página 18), as fotos dos vencedores de Arte (página 38), além da biografia de Conrado Wessel (página 8). O livro com as peças de todos os fotógrafos finalistas será lançado no segundo semestre de 2011.

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