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Resenhas

Brasileiras e internacionais

Multinacionais brasileiras | Moacir de Miranda (org.) | Bookman Editora, 358 páginas, R$ 72,00

Se ainda é verdade que as empresas nacionais inovam pouco e têm dificuldade de competir globalmente, também vem crescendo a lista de corporações brasileiras que se internacionalizaram fortemente e se tornaram multinacionais, caso de gigantes como a Petrobras, a Vale, a JBS Friboi, a Gerdau ou a Embraer. As estratégias dessa elite de empresas e os obstáculos que enfrentam são o mote do livro Multinacionais brasileiras: internacionalização, inovação e estratégia global, coletânea de 18 artigos acadêmicos organizada por Moacir de Miranda Oliveira Junior, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP).

A primeira parte do livro é dedicada à apresentação de referenciais teóricos – uma exceção é o capítulo que mostra impasses conceituais ao explorar casos de empresas chinesas que seguiram diferentes padrões de internacionalização. A segunda parte de artigos aborda o desempenho das multinacionais brasileiras, suas principais motivações (pressão da concorrência global, saturação do mercado brasileiro) e as dificuldades que enfrentam (barreiras tarifárias, dificuldades de acesso a canais de distribuição, entre outras). O impacto da internacionalização no mercado de trabalho é discutido numa dupla perspectiva: se o fenômeno é associado à precarização do trabalho em vários países, no Brasil as empresas internacionalizadas geram emprego e renda em padrões favoráveis.

Os dois blocos finais são os mais saborosos, ao abordar estudos de caso. Como o da Embraer, que, ao desenvolver a família de jatos 170/1900, gerou um “empreendimento de engenharia colaborativa global”, em que coordena um grupo de empresas maiores do que ela e de diversos países. Outro exemplo é o da Natura, que optou por avançar sem parceiros para resguardar seu patrimônio tecnológico. A estrutura de coletânea causa certo prejuízo à leitura: a apresentação de certos conceitos teóricos se repete em vários artigos. Mas a variedade dos exemplos e a abrangência das análises compensam eventuais redundâncias.

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