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Tecnociência

O canto da especiação

Daniel BuenoHá tempos a ciência colhe evidências de que o Lutzomyia longipalpis, principal transmissor do protozoário causador da leishmaniose visceral nas Américas, não é apenas uma espécie de inseto, mas um complexo de espécies irmãs, praticamente indistintas do ponto de vista morfológico, com diferenças perceptíveis apenas sob a ótica da genética. Um estudo recente confirma essa ideia e aponta um possível mecanismo que pode estar por trás desse fenômeno. Segundo trabalho coordenado por pesquisadores da Fiocruz do Rio de Janeiro, alterações no gene paralytic podem ter contribuído para o mosquito-palha, nome popular do vetor da doença, ter se dividido em dois grandes grupos no Brasil em função do tipo de canto de acasalamento dos machos (PLoS One, 7 de setembro). Uma linhagem seria formada por uma única espécie de mosquitos que emitem sons similares a zumbidos no momento da cópula. Outra seria composta de várias espécies muito próximas que produzem cantos de corte ritmados. Na mosca-da-fruta o gene paralytic está envolvido no controle do som produzido no ato sexual.

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