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Mais doenças mentais

012-015_Tecnociencia_208-1Daniel BuenoSob protestos, a Associação Americana de Psiquiatria (APA) lançou em maio a quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM), usado mundialmente. Em um comunicado público, Thomas Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH, na sigla em inglês), criticou a falta de marcadores biológicos que possam validar o diagnóstico de doenças mentais, ainda feito apenas com base em sinais e sintomas, sem parâmetros laboratoriais objetivos. Em uma declaração conjunta, o NIMH e a APA reconheceram que o manual expressa o estado da arte do conhecimento nesse campo e que melhorias no diagnóstico são muito bem-vindas. Allen Frances, coordenador da edição anterior do DSM, alertou que o novo manual alargou a possibilidade de enquadrar como transtorno mental o que antes era visto como normalidade.

Comer em excesso 12 vezes em três meses, por exemplo, deixou de ser um sinal de gulodice e se tornou um indicativo de transtorno mental. Preocupado com o aparente exagero, Miguel Jorge, professor de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), comentou que qualquer criança irritadiça poderia ser agora diagnosticada com distúrbio de humor. O conceito de depressão está também mais abrangente: uma pessoa de luto por pelo menos duas semanas pode receber esse diagnóstico. A desordem disfórica pré-menstrual, forma mais grave de tensão pré-menstrual, passou a ser classificada como um transtorno mental. Agora existe um só nome – transtorno do espectro do autismo – para designar as quatro formas dessa doença.

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