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Terremotos

Tremor brasileiro é detectado por sistema automático

Rede de sensores registra pela primeira vez um evento originado no Brasil

Mapa gerado automaticamente pelo sistema indica as estações que detectaram o tremor e seu epicentro

Rede Sismográfica do BrasilMapa gerado automaticamente indica as estações que detectaram o tremor e seu epicentroRede Sismográfica do Brasil

Na terça-feira 30 de julho, pouco antes das três da tarde, os integrantes da Rede Sismográfica do Brasil receberam um aviso por e-mail: os detectores tinham localizado um tremor em Minas Gerais. Foi o primeiro evento desse tipo com epicentro no Brasil detectado pelo sistema automático que vem sendo instalado nos últimos três anos por todo o território nacional. “Estamos comemorando o fato de que o conjunto está funcionando”, diz o sismólogo Marcelo Assumpção, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da rede brasileira de que também participam o Observatório Nacional do Rio de Janeiro, a Universidade de Brasília e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. “Quando chegar um sismo mais forte, nós vamos detectar”, completa.

O acontecimento importante aqui não é o tremor em si – ele não foi forte (magnitude 3.0) e talvez nem seja um sismo natural. “Pelas características do sinal, muito provavelmente é uma detonação em alguma mineradora”, explica o pesquisador. O epicentro próximo a Itabira é mais um indício, a região tem muitas pedreiras capazes de produzir explosões que seriam detectadas dessa forma pelos detectores sismológicos. O que se comemora é o funcionamento do sistema para um evento mais fraco originado no Brasil.

Registro do sismo pela estação de São João do Manteninha, em Minas Gerais

Rede Sismográfica do Brasil Registro do sismo pela estação de São João do Manteninha, em Minas GeraisRede Sismográfica do Brasil

Desde 2010, quando a rede foi implantada, os detectores já tinham localizado terremotos mais fortes em outros países, como Chile e Peru, e também na América Central. Mas no Brasil os tremores são normalmente mais fracos, por isso mais difíceis de registrar. “Ainda precisamos de mais estações”, planeja Assumpção.

A implantação do sistema integrado envolve a instalação de estações com detectores de tremores de terra e capacidade de comunicação para enviar automaticamente os dados via internet. Esta segunda parte é por vezes mais desafiante, sobretudo nas regiões mais remotas do país. “Em alguns casos precisamos instalar sistemas de comunicação por satélite.”

Ele conta que até agora os sismólogos eram avisados de terremotos pela população, que telefonava avisando. Na próxima vez deverá ser diferente: quem telefonar, ou consultar o site do Centro de Sismologia do IAG, receberá logo informações sobre a magnitude e o epicentro do tremor.

Veja também o vídeo Pesquisadores buscam as razões para a terra tremer no Brasil e a reportagem Por que a terra treme no Brasil.

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