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Cérebro

A dopamina e o imediatismo

Daniel BuenoUma variação pontual em um gene que ajuda a regular a quantidade de dopamina no cérebro parece influenciar um aspecto específico da impulsividade, relacionado à tomada de decisões. Esse gene guarda a receita da enzima que degrada a dopamina e existe em duas versões: uma gera uma enzima mais ativa e outra uma enzima menos eficaz. Analisando o desempenho de pessoas saudáveis em dois testes neuropsicológicos, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) verificaram que as pessoas com duas cópias do alelo que fabrica a enzima menos ativa se saíram pior em uma tarefa que avalia a capacidade de tomar decisões considerando-se as consequências de longo prazo – a chamada impulsividade ligada à tomada de decisão. Em um dos testes, Leandro Malloy-Diniz submeteu os 192 participantes do estudo a um jogo virtual em que ganhavam ou perdiam dinheiro ao escolher cartas de baralho distribuídas em quatro montes. Antes de começar o jogo, o pesquisador informava que alguns montes eram mais rentáveis do que outros. As cartas de certos montes davam mais lucro, mas também causavam perdas maiores, enquanto as de outros geravam ganhos mais modestos e prejuízos menores. Quem produzia a enzima menos eficiente – e tinha níveis mais altos de dopamina – se saía pior nessa tarefa, mas não em outra que mediu a capacidade de manter a atenção em uma atividade e a habilidade de inibir determinada resposta motora (PLoS One, 10 de setembro). “Esses resultados reforçam a hipótese de que diferentes aspectos da impulsividade são independentes e derivam de bases neurobiológicas distintas”, escreveram os pesquisadores.

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