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Rio

Fórum Mundial de Ciência faz recomendações

Documento foi aprovado na sessão de encerramento do evento, no Rio de Janeiro

József Pálinkás, presidente da Academia de Ciências da Hungria, fala durante o evento

DivulgaçãoJózsef Pálinkás, presidente da Academia de Ciências da Hungria, fala durante o eventoDivulgação

A sessão de encerramento do 6º Fórum Mundial de Ciência, realizada no início tarde de ontem (27), no Rio de Janeiro, aprovou uma declaração final com cinco recomendações para autoridades, formuladores de políticas públicas e cientistas. O documento sugere, em primeiro lugar, a intensificação da cooperação internacional e a coordenação de ações nacionais, principalmente no campo da educação, da infraestrutura de pesquisa e do acesso ao conhecimento, a fim de que a ciência contribua para o desenvolvimento sustentável, tema central da conferência.

A segunda recomendação pede prioridade para a educação, tanto no nível básico quando no campo da ciência, tecnologia e engenharias, considerando essa estratégia indispensável para reduzir as desigualdades sociais e promover a ciência e a inovação. A terceira sugere ações no campo da integridade científica, com a adoção de um código de conduta compartilhado por instituições e pesquisadores de todo o mundo em torno dos direitos, liberdades e responsabilidades. Segundo a declaração, os cientistas, tanto no desenvolvimento quanto na comunicação de resultados de seu trabalho, devem guiar-se com “honestidade intelectual, objetividade e imparcialidade, veracidade, justiça e responsabilidade”.

A quarta recomendação pede mais diálogo entre governos, sociedade, indústria e meios de comunicação em torno de temas ligados à sustentabilidade. Por último, o documento propõe a criação de mecanismos sustentáveis para o financiamento da ciência, sobretudo nos países em desenvolvimento, exibindo a preocupação com os cortes no orçamento de ciência e tecnologia ocorridos em vários países desde o início da crise financeira internacional. A íntegra da declaração está disponível em: www.sciforum.hu/declaration/index.html.

O Fórum Mundial de Ciência reuniu cerca de 700 pesquisadores, autoridades e empresários de vários países entre os dias 24 e 27 no Rio de Janeiro, e produziu discussões em torno de vários temas, da educação científica aos desafios de jovens pesquisadores, da inovação à bioenergia, da prevenção de desastres naturais à integridade científica. O evento ocorre a cada dois anos e é organizado pela Academia de Ciências da Hungria. Pela primeira vez, ocorreu em outro país, coordenado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC).

De acordo com o matemático Jacob Palis, presidente da ABC, a contribuição dos sete encontros preparatórios realizados em vários estados desde o ano passado – o primeiro deles organizado pela FAPESP, em agosto de 2012, na capital paulista – foi aproveitada no documento final. “A educação para reduzir as desigualdades, por exemplo, foi uma proposta nossa, que foi incorporada logo no início da discussão do documento”, diz Palis, que elogiou a qualidade dos debates em temas como bioenergia e recursos hídricos.

József Pálinkás, presidente da Academia de Ciências da Hungria, ressaltou que o Fórum do Rio teve uma novidade em relação às edições anteriores, que foi a redução do número de palestrantes e a ampliação do tempo para debates e perguntas da plateia. “As discussões foram vibrantes e de alto nível”, afirmou.

O vice-presidente da FAPESP, Eduardo Moacyr Krieger, ficou impressionado com a diversidade de experiências relatadas na conferência, em especial numa mesa sobre inovação, que trouxe a perspectiva de um país africano, a Nigéria, logo em seguida a de uma potência tecnológica, o Japão, e também de uma empresa brasileira com grande tradição inovadora, a Petrobras. “A diversidade é natural. Cada país tem um problema. O que fica claro é que o Brasil já passou daquela fase de aprender a fazer ciência e treinar recursos humanos. A questão agora é apurar a qualidade da nossa ciência”, afirmou. “O grande desafio é transformar o conhecimento científico em desenvolvimento econômico e social, e a FAPESP tem tido um papel importante nessa tarefa, com programas que estimulam parcerias entre empresas e instituições de pesquisa paulistas, além da inovação em pequenas empresas”, afirmou.

O próximo Fórum Mundial de Ciência acontece em Budapeste, em 2015. Em 2017, voltará a ser realizado num país parceiro, dessa vez a Jordânia.

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