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Fundo Newton

Em busca de parcerias

Brasileiros visitam Reino Unido para estreitar colaboração em estudos sobre doenças infecciosas

A solenidade ocorreu em Londres, no dia 23 de setembro, e reuniu autoridades brasileiras e britânicas

Cassio Magalhães /Itamaraty A solenidade ocorreu em Londres, no dia 23 de setembro, e reuniu autoridades brasileiras e britânicasCassio Magalhães /Itamaraty

Uma delegação formada por representantes de instituições de pesquisa do Brasil esteve no Reino Unido na última semana com a missão de estreitar laços de colaboração entre os dois países na área de doenças infecciosas, entre elas malária e dengue. Um dos primeiros frutos da empreitada foi conquistado na terça-feira (23), com a assinatura de um acordo, na embaixada brasileira em Londres, entre o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e as Academias do Reino Unido (UK Academies) – entidade que reúne a Royal Society, a British Academy e a Academy of Medical Sciences. O acordo prevê o lançamento, em 2015, de uma chamada pública para projetos de pesquisa em doenças infecciosas. As instituições britânicas irão oferecer bolsas de pós-doutorado de até 2 anos, nas áreas de ciências naturais, engenharia, ciências sociais e humanidades. Outra modalidade será o financiamento para custos com passagens e seguro de saude. Em contrapartida, as instituições brasileiras, por meio de fundações de apoio à pesquisa estaduais, também deverão ofertar incentivos para que pesquisadores britânicos venham ao Brasil.

O acordo acontece no âmbito do Fundo Newton, lançado no Brasil em abril pelo governo britânico com o objetivo de apoiar a ciência e a inovação em países emergentes. O fundo deverá investir no país mais de R$ 34 milhões anuais até 2017, em projetos de intercâmbio entre pesquisadores brasileiros e britânicos. Segundo Caroline Cowan, responsável pelo departamento de ciência e inovação da embaixada britânica em Brasília, a ida da delegação brasileira a Londres busca aproximar as pesquisas em saúde pública feitas nos dois países. “Trata-se de compartilhar ideias e desenvolver uma agenda em comum, já que os dois países têm tradição nessa área”, diz ela. O grupo de brasileiros é formado por pesquisadores do Instituto Butantan, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto de Patologias Tropicais e Saúde Pública da Universidade de Goiás, do Confap e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A programação da viagem incluiu visitas a instituições de pesquisa britânicas, entre elas a London School of Hygiene and Tropical Medicine, o Medical Research Council (MRC) e as universidades de Cambridge e Oxford. Em cada entidade, foram organizados workshops para que brasileiros e britânicos pudessem apresentar suas linhas de pesquisa, principalmente em malária e dengue. “Esperamos que essas visitas aprofundem o diálogo que já existe entre Brasil e Reino Unido em relação aos estudos sobre doenças infecciosas”, diz Diego Arruda, gerente do Fundo Newton no Brasil. “Os britânicos identificam no Brasil uma potência nessa área de pesquisa e por isso desejam estreitar relações”, explica.

Uma das instituições brasileiras que pode se beneficiar dessa jornada no Reino Unido é o Instituto Butantan de São Paulo. “Viemos aqui em busca de possíveis parcerias para o desenvolvimento de vacinas”, disse, de Londres, Alexander Preciso, diretor de ensaios clínicos e farmacovigilância do instituto. Ele explica que algumas vacinas elaboradas pelo Butantan ainda estão em fase de testes clínicos, como a da dengue. Nessa etapa, é necessária a realização de estudos epidemiológicos, que permitem avaliar os efeitos da aplicação da vacina em diferentes populações.

O interesse do instituto, diz Precioso, é firmar parceria com grupos de pesquisa que possam ajudar no desenvolvimento de modelos matemáticos indispensáveis para a introdução de vacinas no sistema de saúde. “No caso da dengue, por exemplo, temos 4 vírus envolvidos. O modelo matemático ajuda a mostrar se a vacina serve para todos os tipos de vírus ou não”, diz. “Um grupo da Universidade de Liverpool demonstrou interesse em colaborar conosco. E outra equipe do Imperial College London se animou em discutir com o Butantan sobre o desenvolvimento de uma nova vacina da gripe”, afirma Precioso.

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