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Cartas | Ed. 233

Cartas | Ed. 233

Dengue
A edição 232 de Pesquisa FAPESP, com a reportagem de capa sobre a dengue (“Um vilão de muitas caras”), traz na sua contracapa o lema: “O que a ciência brasileira produz você encontra aqui”. Se a revista se propõe a uma abordagem nacional, causou-me espécie o texto versar sobre um tema que impacta todo o país, porém incluir apenas soluções a partir de projetos com financiamento da FAPESP. Na linha de novas tecnologias para a dengue, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Dengue tem no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICB-UFMG) um centro que desde 1997 realiza pesquisas sobre esse assunto e possui um relevante acervo de tecnologias desenvolvidas e testadas na área de monitoramento e controle da doença. Uma das patentes da UFMG é sobre armadilhas e feromônios, que posteriormente foram integrados a sistemas de monitoramento inteligente para apoio a tomada de decisão no combate a endemias. Patentes na área de virologia, que possibilitam a detecção da circulação viral a partir dos insetos capturados, também foram integradas ao pacote tecnológico. A reportagem cumpriria uma melhor prática de jornalismo científico se considerasse linhas de pesquisa como as realizadas em Minas ou em Porto Alegre.

Alexandre Alves
Inseed Investimentos
Belo Horizonte, MG

Nota da redação: O objetivo da reportagem não foi esgotar o assunto dengue, que hoje recebe a atenção de vários grupos de pesquisa pelo país. O foco foi dirigido para os trabalhos científicos realizados em instituições de São Paulo porque havia uma clara conexão entre eles. Pesquisa FAPESP publicou reportagens sobre trabalhos de pesquisadores que integram o INCT Dengue (edição 142, de dezembro de 2007, e 220, de junho de 2014). A mais recente menciona inclusive as experiências feitas em Porto Alegre e em outras cidades. Voltaremos outras vezes ao tema, procurando sempre incluir os centros de pesquisa brasileiros que tenham contribuições na área.

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Parabéns pela reportagem sobre a dengue que mostrou que no estado de São Paulo há estudos sérios sobre a doença, distantes da política corrente de negar epidemias e crises. Vemos que em várias frentes se combate a doença e a propalada vacina é apenas uma das estratégias.

Adilson Roberto Gonçalves
Campinas, SP

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Psiquiatria
Gosto de ler Pesquisa FAPESP. Confesso que dou mais atenção à física nuclear, astronomia e neodarwinismo, além das reportagens da área de humanidades. Gosto de quase tudo, mas, não por coincidência, fico triste quando leio textos sobre psiquiatria, principalmente quando se referem a conceitos e tratamento de psicose. A rigor, as reportagens que falam de pesquisas sobre cérebro tratam de neurofisiologia e não de psiquiatria e isso significa que são trabalhos que deveriam ser colocados na periferia do conhecimento sobre loucura. Algo que ajudaria a somar conhecimentos, a fazer contrapontos, mas jamais ser central e condutor no estudo das psicoses. Para dar um exemplo: os esquizofrênicos que saem das páginas da revista parecem que não sentem, não pensam, não têm emoções. Têm apenas o cérebro danificado. A psiquiatria neurofisiológica existe e é importante. Mas existe outra psiquiatria bem diferente dessa, que pouco aparece na revista. Depois de acompanhar por 40 anos mais de 150 processos psicoterápicos de pessoas psicóticas, eu ousaria dizer que essa outra psiquiatria ajuda mais a quem precisa. Os trabalhos de neurofisiologia são importantes e devem continuar a ser noticiados. Minha sugestão é dar também espaço maior à psiquiatria, seja clínica, social ou psicodinâmica.

Geraldo Massaro
Supervisor do Serviço de Psicoterapia do HC-FM-USP
São Paulo, SP

Cartas para esta revista devem ser enviadas para o e-mail cartas@fapesp.br ou para a rua Joaquim Antunes, 727, 10º andar – CEP 05415-012, Pinheiros, São Paulo-SP. As cartas poderão ser resumidas por motivo de espaço e clareza.

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