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Brexit

Reflexos da ruptura na ciência

O premiê britânico David Cameron anunciou sua renúncia após o resultado do plebiscito

Tom Evans / Crown Copyright / flickrO premiê britânico David Cameron anunciou sua renúncia após o resultado do plebiscitoTom Evans / Crown Copyright / flickr

O resultado favorável à saída do Reino Unido da União Europeia (UE) no plebiscito de 24 de junho causou consternação na comunidade científica britânica. Ainda não se sabe precisamente como a decisão irá afetar a pesquisa no país, mas especialistas alertam que a participação do Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) em colaborações científicas com países do bloco será prejudicada. Há incerteza em relação ao Horizonte 2020, o maior programa de apoio à pesquisa e à inovação da Europa, que entrou em vigor em 2007 com um orçamento de € 80 bilhões, ou cerca de R$ 300 bilhões. Os recursos podem ser disputados por consórcios de países-membros da UE. John Womersley, diretor do UK Science and Technology Facilities Council, disse à revista Nature que os cientistas do Reino Unido buscam  garantias de que não serão excluídos do Horizonte 2020. “Conheço pesquisadores que acabaram de enviar propostas para o Horizonte 2020”, disse à revista Science a bióloga escocesa Anne Glover, conselheira científica-chefe da Comissão Europeia entre 2012 e 2014. “Suponho que podemos continuar esse processo, pelo menos até a data oficial de saída do bloco”, afirmou. Segundo ela, o saldo da participação do Reino Unido no bloco foi favorável à ciência. Glover menciona os recursos investidos e recebidos no Programa-Quadro 7, que antecedeu o Horizonte 2020. “Contribuímos com € 5,4 bilhões [R$ 20 bilhões] em sete anos, mas recebemos em torno de € 8,8 bilhões [R$ 32,7 bilhões].” Cerca de 16% dos recursos das universidades do Reino Unido provêm de órgãos da União Europeia. Há ainda preocupação em relação à mobilidade de pesquisadores. Venki Ramakrishnan, presidente da Royal Society, manifestou-se em um comunicado: “Um dos pontos fortes da pesquisa britânica é sua natureza internacional. Qualquer falha em manter a livre circulação de pessoas e ideias poderia prejudicar a ciência do Reino Unido”.

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