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Arte

Cotidianos urbanos

Ensaios fotográficos de Rodrigo Zeferino, Wagner Almeida e Lalo de Almeida são premiados

A cidade que cresceu em torno de uma das maiores siderúrgicas do mundo foi o tema do ensaio ganhador do primeiro lugar na categoria Arte do Prêmio FCW. O mineiro Rodrigo Zeferino fotografou moradores de Ipatinga (MG) nas janelas e sacadas de suas residências observando a Usiminas, no ensaio O grande vizinho.

Wagner Almeida, do Pará, ganhou o segundo lugar com Luz vermelha, que retrata habitantes de Belém observando vítimas de violência. O também repórter fotográfico Lalo de Almeida, de São Paulo, levou o terceiro lugar com Microcefalia – As vítimas do zika vírus, sobre a primeira geração de crianças que nasceram com a malformação e vivem no sertão nordestino.

Esta edição do Prêmio FCW de Arte recebeu 510 inscrições de quase todos os estados – a exceção foi Rondônia. A região Sudeste teve o maior número de participantes, 323, seguida pelo Nordeste, 75, Sul, 56, Centro-Oeste, 33, e Norte, 23. O vencedor do primeiro lugar receberá R$ 114,3 mil e os outros dois, R$ 42,9 mil cada um.

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1º lugar
O grande vizinho
Rodrigo Zeferino

A Usiminas está localizada no centro geográfico de Ipatinga (MG). Os bairros da cidade se desenvolveram em torno da usina siderúrgica e seus moradores estão habituados a viver próximos de chaminés e altos-fornos. “Como ipatinguense, passei minha juventude olhando com naturalidade para essas estruturas colossais”, conta Rodrigo Zeferino. “Desde que voltei à cidade, após anos morando fora, minha atenção estacou na incongruência desse amálgama arquitetônico e de como a cidade se relaciona com tudo isso.” Para evidenciar a proximidade entre os moradores e a atividade siderúrgica, seu ensaio destacou no primeiro plano as imagens de janelas e sacadas das edificações situadas todas elas em um raio de 2 quilômetros da indústria. As fotos foram feitas à noite.

2º lugar
Luz vermelha
Wagner Almeida

O ensaio de Wagner Almeida mostra o semblante de pessoas diante da violência urbana de Belém, no Pará. “Não se trata apenas de mostrar o ambiente e todos os detalhes que o cercam, mas também observar de forma reflexiva quem o observa e imergir no mistério que cada personagem demonstra em seu olhar”, relata o repórter fotográfico. Será que diante da morte violenta o observador faz uma análise reflexiva de sua própria existência ou se trata de pura curiosidade, sem significado algum? De que forma a brutalidade interfere na rotina de quem fica frente a frente com essa situação? Almeida retratou esse cenário.

3º lugar
Microcefalia – As vítimas do zika vírus
Lalo de Almeida

Lalo de Almeida viajou por cidades do Nordeste brasileiro para conhecer como vive a primeira geração de crianças que estão crescendo com microcefalia longe dos grandes centros. As famílias que moram em algumas áreas do sertão da Paraíba, por exemplo, precisam viajar às vezes um dia inteiro para levar os filhos para consultas ou fisioterapia em alguma cidade que ofereça o serviço. Vários bebês que completaram 1 ano à época em que o ensaio foi feito, no segundo semestre de 2016, não engatinhavam nem sentavam sozinhos ou seguravam objetos. A maioria toma medicação para controlar convulsões e diminuir a irritação.

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