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Paleontologia

Com pescoço longo e 225 milhões de anos

Imagem e ilustração da rocha com os três esqueletos do dinossauro Macrocollum itaquii

Rodrigo Müller/UFSM

Saíram de rochas do interior do Rio Grande do Sul os fósseis de três exemplares de um novo gênero e espécie de dinossauro herbívoro, batizado Macrocollum itaquii. Identificados por paleontólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, representam o registro mais antigo de um dinossauro de pescoço longo, com 225 milhões de anos (Biology Letters, 21 de novembro). Da cabeça ao rabo, a espécie media cerca de 3,5 metros (m), dos quais aproximadamente 1 m era ocupado pelo pescoço. O tamanho avantajado dessa parte do corpo facilitaria o acesso à vegetação mais alta, uma fonte de comida que animais de menor porte não conseguiriam alcançar. “Dois dos três fósseis estavam muito bem conservados e praticamente completos, inclusive com os crânios”, comenta Rodrigo Temp Müller, aluno de doutorado da pós-graduação em biodiversidade animal da UFSM, principal autor do artigo. “O fato de terem sido encontrados juntos reforça a ideia de que esses animais viviam em bandos.” Segundo o paleontólogo Max Langer, da USP, outro autor do estudo, esses são provavelmente os dinossauros achados no Brasil com a anatomia mais bem preservada. A nova espécie pertence ao grupo dos sauropodomorfos, que englobavam as primeiras formas de dinossauros geralmente herbívoros, surgidos há pouco mais de 230 milhões de anos, na mesma época em que apareceram os dinossauros carnívoros. Também encontrados na região gaúcha de Santa Maria, os sauropodomorfos Buriolestes schultzi e Bagualosaurus agudoensis mediam, respectivamente, 1,5 e 2,5 m de comprimento e viveram um pouco antes de M. itaquii. De acordo com esse estudo, o tamanho dos sauropodomorfos aumentou 230% e o comprimento do pescoço dobrou em um intervalo de tempo de 8 milhões de anos, entre 233 milhões e 225 milhões de anos atrás.

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