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Boas práticas

Doação irregular derruba diretor de laboratório do MIT

Joichi Ito comandava o MIT Media Lab desde 2011

Roger Barnett

O empreendedor e ativista digital Joichi Ito renunciou ao cargo de diretor do Centro de Pesquisa Interdisciplinar Media Lab, do Massachusetts Institute of Technology, após a revelação de que mantinha vínculos financeiros com Jeffrey Epstein, investidor norte-americano acusado de abuso de meninas de 14 anos e de comandar uma rede de exploração sexual de menores. Epstein foi encontrado morto em agosto em uma prisão em Nova York, em consequência de aparente suicídio, enquanto aguardava julgamento.

Em 2008, o MIT colocou Epstein em uma lista de filantropos inidôneos, depois que ele se envolveu pela primeira vez em um escândalo por contratar prostitutas menores de idade. Embora os pesquisadores da instituição estivessem proibidos de receber doações do investidor, Ito seguiu pedindo recursos a ele, além de consultá-lo sobre a destinação do dinheiro. Para burlar o veto, as doações eram classificadas como anônimas. Em e-mails revelados em uma reportagem da revista The New Yorker, o diretor do Media Lab referia-se a Epstein como “aquele que não deve ser nomeado” e Voldemort, referências ao vilão das histórias de Harry Potter. Epstein atuava como uma espécie de intermediário do laboratório com doadores e arrecadou em 2014 US$ 7,5 milhões (o equivalente a R$ 30 milhões) do investidor Leon Blacks e de Bill Gates, dono da Microsoft.

Ito, que também é um investidor de empresas da internet, admitiu que recebeu de Epstein US$ 1,2 milhão para fundos de investimento que administra. Ele comandava o laboratório desde 2011. Embora sem ligações anteriores com a academia, trazia no currículo realizações como a criação do primeiro serviço de internet no Japão, em 1994, e seu trabalho no conselho do Creative Commons, organização que promove o compartilhamento de informações digitais. O ex-diretor do Media Lab também anunciou o afastamento de outras funções, como a de membro dos conselhos do jornal The New York Times e das fundações Knight e MacArthur, e a de professor visitante da Universidade Harvard.

Em uma declaração para a comunidade universitária, o presidente do MIT, Rafael Reif, anunciou que irá promover uma investigação independente para apurar o caso. O Media Lab foi criado em 1985 pelo arquiteto Nicholas Negroponte com a proposta de fazer pesquisa na fronteira do conhecimento envolvendo computação, comunicação, arte e design. Atualmente, mantém dezenas de grupos de pesquisa dedicados a temas interdisciplinares como neurobiologia sintética, cidades inteligentes ou biomecatrônica.

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