Waldemir Barreto / Agência Senado
Ricardo Galvão, ex-diretor do Inpe, exonerado após defender dados do instituto sobre desmatamentoWaldemir Barreto / Agência SenadoO físico brasileiro Ricardo Galvão integra a lista elaborada pela revista Nature das 10 pessoas importantes para a ciência em 2019 (Nature, 19/26 de dezembro). Ele atraiu a atenção da comunidade científica internacional em meados do ano passado ao confrontar o presidente Jair Bolsonaro. No centro da disputa estavam dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o desmatamento na Amazônia. Em julho, o Inpe, então dirigido por Galvão, apresentou resultados preliminares indicando que a taxa de desflorestamento de junho de 2019 tinha sido 88% maior que no mesmo mês de 2018. Bolsonaro questionou os números e sugeriu que o diretor do instituto estaria a serviço de ONGs. Galvão rebateu as críticas e garantiu que os dados eram “cientificamente sólidos”. Foi exonerado em 7 de agosto. Além de Galvão, integram a lista da Nature a ecóloga Sandra Díaz, coordenadora de um levantamento da biodiversidade do planeta; a ativista Greta Thunberg, que chamou a atenção mundial para as mudanças climáticas; e a astrofísica Victoria Kaspi, responsável por aprimorar um telescópio para detectar um tipo misterioso de radiação celeste. Os outros escolhidos são o neurocientista Nenad Sestan, que reviveu por instantes o cérebro de porcos; o microbiólogo Jean-Jacques Tamfum, líder do combate ao surto de ebola no Congo; o biólogo Hongkui Deng, coordenador do primeiro estudo com seres humanos tratados com células geneticamente alteradas pela técnica Crispr; o paleontólogo Yohannes Haile-Selassie, descobridor de um crânio de Australopithecus anamensis de 3,8 milhões de anos; o físico John Martinis, líder do grupo criador de um computador quântico que fez cálculos mais rápidos do que um convencional; e a bioética Wendy Rogers, cujo trabalho indicou a retirada de órgãos para transplante sem o aval dos doadores na China.
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