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Biodiversidade

Coordenador do BIOTA integrará painel internacional de especialistas

IPBES, na siglas em inglês, tem a função de sistematizar o conhecimento científico acumulado sobre biodiversidade para dar subsídios a decisões políticas em âmbito internacional

Unicamp/Divulgacao

Carlos Joly será um dos cinco representantes da América Latina e do Caribe na Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES)Unicamp/Divulgacao

Agência FAPESP– Carlos Joly, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do programa BIOTA-FAPESP, foi eleito no dia 23 de janeiro um dos cinco representantes da América Latina e Caribe no Painel Multidisciplinar de Especialistas da Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês).

Criado em abril de 2012, após quase dez anos de negociações internacionais, o IPBES tem a função de sistematizar o conhecimento científico acumulado sobre biodiversidade para dar subsídios a decisões políticas em âmbito internacional – trabalho semelhante ao que tem sido feito nos últimos 20 anos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

A plataforma está organizada em três estruturas fixas. O secretariado é gerenciado por quatro programas da Organização das Nações Unidas (ONU): Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Há também uma diretoria e o Painel Multidisciplinar de Especialistas (MEP, na sigla em inglês).

Durante a primeira reunião plenária do secretariado, realizada entre 21 e 26 de janeiro na cidade de Bonn, na Alemanha, foram escolhidos os 25 membros do MEP com mandato de dois anos – cinco para cada região reconhecida pelas Nações Unidas (África, Ásia, América Latina e Caribe, Europa Oriental e Europa Ocidental e outros Estados – grupo ao qual pertencem também Estados Unidos e Nova Zelândia).

Além de Joly, foram indicados para representar a América Latina e o Caribe Sandra Myrna Díaz, da Argentina, Edgar Selvin Pérez, da Guatemala, Julia Carabias Lillo, do México, e Floyd M. Homer, de Trinidad e Tobago.

Durante o evento, foram eleitos ainda os representantes de cada uma das cinco regiões na diretoria, com mandato de três anos. Adalberto Val, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), foi escolhido suplente da América Latina e Caribe. O titular escolhido foi o chileno Leonel Sierralta.

Os nomes de Joly e Val foram indicados por membros do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA). A negociação durante a reunião plenária foi feita por meio do Departamento de Meio Ambiente (Dema) do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

“O painel de especialistas é o coração da plataforma, pois são esses 25 escolhidos que vão identificar as informações sobre biodiversidade que poderão gerar novos conhecimentos, sugerir linhas de ação que possam servir de subsídios para ação de políticas públicas na área e darão indicações sobre como capacitar recursos humanos”, diz Paulino Franco de Carvalho Neto, chefe da divisão do meio ambiente do MRE.

Como o IPBES é uma plataforma intergovernamental, acrescentou Carvalho Neto, são os governos dos diversos países participantes que decidirão o que fazer com as informações coletadas.

“Quem coordenará esse trabalho é o MEP. Nós ficamos satisfeitos com a escolha do Joly, pois ele tem vasta formação na área e dirige um programa importante, o BIOTA, que está diretamente envolvido nas áreas de atuação do IPBES”, afirma.

“A eleição de dois brasileiros para os órgãos permanentes do IPBES reflete o alto nível do trabalho desenvolvido e o respeito que os demais países têm para com o Departamento de Meio Ambiente do Itamaraty”, diz Joly.

De acordo com o coordenador do BIOTA, a primeira equipe do MEP terá um papel fundamental no IPBES, pois será responsável por definir o marco conceitual da plataforma e seu programa de trabalho. Terá ainda de lidar com a complexa questão de como integrar o conhecimento científico com outros sistemas de conhecimento, especialmente o de comunidades indígenas e locais.

“O MEP terá também de enfrentar e equacionar o gigantesco desafio de estabelecer as metodologias e as métricas que serão utilizadas nos diagnósticos, de forma a permitir que avaliações sub-regionais possam ser integradas transformando-se em avaliações regionais, que por sua vez serão integradas em um diagnóstico global de biodiversidade e serviços ecossistêmicos”, conta Joly, ao ressaltar a importância da cooperação de um grande número de pesquisadores.

Joly declara ainda que o resultado da eleição representa a inserção do BIOTA no debate internacional sobre biodiversidade. “As chamadas conjuntas com a National Science Foundation, dos Estados Unidos, e o Natural Environment Research Council, do Reino Unido, demonstram que alcançamos isso na área acadêmica. Minha eleição para o MEP indica que também na área de tradução do conhecimento em políticas de conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade, o BIOTA conquistou seu espaço no cenário internacional”, explica.

Presente no evento, a diretora de conservação da biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Daniela América Suarez de Oliveira, também destacou a escolha de Joly. “Estamos muito orgulhosos da eleição do professor Joly e confiantes de que seu trabalho vai contribuir muito para a estruturação do Painel Multidisciplinar de Especialistas.”

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