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CEPID

Em foco, os problemas urbanos de São Paulo

Centro de Estudos da Metrópole quer investigar e propor soluções para a região metropolitana

A meta do Centro de Estudos da Metrópole é conjugar um conjunto de pesquisas que terão como objeto a Região Metropolitana de São Paulo, que reúne 39 municípios. A proposta de estudo se apóia nos resultados e nas experiências de pesquisas realizadas pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP) e pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). “Os temas das pesquisas são aqueles relevantes para o estudo de grandes cidades: urbanismo, cultura, demografia, meio ambiente e a estrutura social”, afirma Regina Maria Prosperi Meyer, diretora.

A idéia é dar continuidade a dois estudos sobre a região realizados pelo Cebrap: São Paulo: Crescimento e Pobreza (1974) e São Paulo: Trabalhar e Viver (1983). No atual projeto, sociólogos, economistas, antropólogos e cientistas políticos, sob a coordenação do Centro, terão como foco de pesquisa o estudo dos problemas urbanos decorrentes do processo de transformação da cidade e de seu papel no cenário nacional. “Este é um momento de transformação tão violento quanto foi no início do século, quando a cidade cresceu a taxas nunca registradas, e nos anos 50, quando a região mudou o seu perfil e a indústria se instalou no Grande ABC”, comenta Regina Meyer. Hoje, as indústrias migraram para o interior do estado e outras regiões, mas São Paulo ganhou importância do ponto de vista dos serviços. “Diante dessa nova vocação, uma série de questões precisa ser levantada: como a cidade emprega? Como as pessoas vivem? Qual é o cotidiano das famílias?”, ela indaga.

O Centro pretende buscar novas dimensões da vida urbana. “A importância da pesquisa vem do fato de o Brasil ser hoje um país urbano. Pretendemos irradiar formas de lidar com o urbano a partir desse projeto”, explica. Para compor esse quadro, além das pesquisas realizadas pelo Centro, também serão utilizados dados coletados pela Fundação Seade. “Teremos também a parceria do Serviço Social do Comércio (Sesc), que, por sua capilaridade, permitirá o contato dos pesquisadores com uma população bastante diversificada.”

A relevância do Centro, no atual panorama de globalização econômica, parece indiscutível. Os dados divulgados em 1995 pela ONU através da Agenda 21, mostram que das 20 maiores metrópoles do mundo, dezoito estão localizadas em países em desenvolvimento. Tal constatação aponta para questões associadas à dimensão das concentrações urbanas e do perfil econômico e social de seus habitantes. A Agenda 21 mostra ainda que o desequilíbrio entre o crescimento demográfico e o crescimento econômico da maior parte dessas 20 metrópoles aponta para “grandes cidades de pobres”.

O projeto de difusão ganhou aplausos dos avaliadores internacionais. “Trata-se de uma forma inovadora de abordar as políticas públicas, não as deixando confinadas aos gabinetes de especialistas, mas envolvendo a população, o setor privado, o governo, assim como as organizações não-governamentais.”

O Centro pretende ser um “multiplicador” de novas pesquisas, oferecer cursos para as organizações responsáveis pela implementação de políticas públicas, uma fonte de informações permanente para todos que têm uma relação direta com a cidade. “Teremos capacidade de responder às questões mais essenciais como, por exemplo, onde investir para resolver a violência ou o melhor investimento para o transporte urbano de massa.”

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