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Terapia Celular

O uso das células no tratamento de doenças

Centro de Pesquisa de Terapia Celular terá estreito relacionamento com o setor público

Especialistas de três áreas distintas – biologia molecular, hematologia e química de proteínas -, tendo como base a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), estão reunidos no Centro de Pesquisa de Terapia Celular, num projeto comum. O foco das pesquisas será o tratamento de doenças. O modelo mais simples de terapia celular é a transfusão de sangue. Pode-se, ainda, transfundir células, como é o caso do transplante de medula óssea. Também é possível modificar as células antes de transplantá-las, fazendo a inserção de um gene diferente da célula primitiva, ou, ainda, coletar e expandir uma determinada coleção de célula, fazendo com que ela prolifere. “Existem abordagens que precisam ser mais bem exploradas, como, por exemplo, ‘vacinar’ uma célula para fazer com que ela reconheça a célula cancerosa como anormal e reaja contra ela”, explica Marco Antonio Zago, diretor.

Estão envolvidos nesse projeto o grupo de pesquisadores do Hemocentro e do Laboratório de Biologia Molecular, que participam dos projetos Genoma Xylella e Genoma Câncer; os pesquisadores do Centro de Hematologia, que estudam neoplasias do sangue; a Unidade de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto; e o Centro de Química de Proteínas, que estuda a estrutura da proteína e sua purificação.

O Centro surge já com estreito relacionamento com o setor público de saúde. “O Hemocentro atende a 212 municípios no Estado de São Paulo, com uma população de 4 milhões de pessoas, e já é um foco gerador de políticas públicas na área de saúde”, afirma Zago. Há dois anos, com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Hemocentro desenvolveu um programa de controle de qualidade em todas as suas áreas de atuação, o que lhe valeu a certificação ISO 9002, conferida pela Fundação Paulo Vanzolini. A meta, agora, é aproximar suas atividades do setor produtivo. “Pretendemos atuar na área de desenvolvimento de produção de métodos de laboratório para diagnóstico”, antecipa Zago. “Já temos relação com uma indústria farmacêutica de Ribeirão Preto que quer desenvolver produtos na área de terapia celular.”

De acordo com parecer de avaliadores internacionais, responsáveis pela inclusão do grupo no Cepid, “a proposta de trabalho do Centro de Pesquisa de Terapia Celular é altamente inovadora e muito provavelmente vai prover de novas e importantes informações não apenas os pesquisadores brasileiros, mas a comunidade científica de todo o mundo”. O projeto prevê a continuidade dos cursos de formação de especialistas em biologia celular, em nível de mestrado e doutorado, e o desenvolvimento de um programa que terá a participação de alunos e professores da escola secundária. “O nosso objetivo é proporcionar um contato direto dessa comunidade com pesquisadores das áreas de genética, imunologia, câncer e educação em saúde”, detalha Zago.

A idéia é desenvolver, por exemplo, estimular e orientar alunos e professores a realizar trabalhos em uma dessas áreas. Faremos um congresso para selecionar o melhor estudo e o aluno selecionado iniciará um trabalho de educação científica em nossos laboratórios”, diz. Está prevista, ainda, a realização de cursos de verão para alunos de graduação nas áreas de ciências biológicas, com programas de experimento prático em laboratório. “Já fizemos o primeiro, com o nome de Viagem através do Genoma, e deu muito certo.”

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