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Internacionalização

Esforços articulados

FAPESP lança mão de um conjunto de iniciativas para tornar a pesquisa paulista mais competitiva no exterior

Laura daviñaA internacionalização da pesquisa no estado de São Paulo vem sendo alvo de um conjunto de iniciativas da FAPESP. Um dos exemplos dessa estratégia pode ser visto em São Paulo, no início de agosto, quando 350 estudantes de pós-graduação brasileiros e estrangeiros e 20 especialistas de diversas nacionalidades reuniram-se para homenagear o matemático norte-americano John Nash e celebrar o 60º aniversário do Equilíbrio de Nash, teorema que dá sustentação à teoria dos jogos. Entre os palestrantes havia quatro ganhadores do Prêmio Nobel, o próprio John Nash, laureado em 1994, o alemão Robert Aumann, ganhador em 2005, e os norte-americanos Eric Maskin e Roger Myerson, premiados em 2007. O evento foi o quarto realizado no âmbito do programa Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), modalidade de apoio da FAPESP que busca aumentar a exposição internacional de áreas de pesquisa de São Paulo que já são competitivas mundialmente. Lançado no ano passado, o programa oferece oportunidades para que pesquisadores paulistas organizem cursos de curta duração, de uma ou duas semanas, para os quais devem convidar professores de vários lugares do mundo e do estado de São Paulo. A audiência dos cursos deve ser formada por certa quantidade de estudantes, sendo que pelo menos a metade forçosamente deve ser recrutada fora do Brasil. “Com isso, nós queremos fazer uma exposição mundial destas áreas de pesquisa e despertar o interesse de estudantes estrangeiros de vários lugares em trabalhar como cientistas aqui em São Paulo”, disse o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, em entrevista ao Pesquisa Brasil, programa de rádio de Pesquisa FAPESP. “Queremos mostrar a eles o que há de melhor aqui em São Paulo. Está previsto no edital que cada evento tem uma sessão reservada, na qual alguém da FAPESP vai apresentar a Fundação e as oportunidades de pesquisa no estado de São Paulo. Fui fazer essa apresentação em três dos eventos e a receptividade foi ótima. Houve muitas perguntas e interesse genuíno de estudantes de vários lugares do mundo, como Chile, Estados Unidos, França, China e Índia”, afirmou.  O programa tem dois editais por ano – a terceira chamada deverá ser lançada em breve.

A estratégia de internacionalização da Fundação articula um conjunto de outros esforços, como acordos de coo­peração com agências, empresas e/ou instituições científicas da  Alemanha, do Canadá, dos Estados Unidos, da França, do México, de Portugal, do Reino Unido e da Suíça (ver lista de convênios aqui). Um exemplo é o acordo de cooperação firmado em 2004 com o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) da França, voltado para estimular o intercâmbio de cientistas e a submissão de projetos conjuntos envolvendo pesquisadores de instituições paulistas e colegas franceses, que já geraram quatro chamadas de propostas e contemplaram 27 projetos. Em moldes semelhantes, a FAPESP mantém um convênio com o DFG (Deutsche Forschungsgemeinschaft), principal agência de fomento à pesquisa da Alemanha. No ano passado, a Fundação estabeleceu uma ponte com a pesquisa britânica, ao firmar acordos de cooperação com os Conselhos de Pesquisa do Reino Unido (RCUK, na sigla em inglês) e com  o King’s College London, que se tornou a primeira universidade britânica parceira da FAPESP.

Há um interesse crescente de instituições estrangeiras de celebrar parcerias com pesquisadores paulistas. No mês passado, por exemplo, seis representantes da Academia Chinesa de Ciências (CAS, na sigla em inglês) estiveram na sede da FAPESP, em São Paulo, com o propósito de iniciar colaborações científicas. “Queríamos saber como agências como a FAPESP funcionam”, comentou Pan Jiaofeng, secretário-geral da CAS. “Temos interesse especialmente em biomassa, biodiversidade e neurociências.” Segundo ele, essa foi a primeira visita ao Brasil.  “Há uma preocupação sobre como selecionamos as áreas prioritárias”, disse Celso Lafer, presidente da FAPESP. “Falamos sobre as possibilidades de cooperação futura e ficamos de explorar isso mais tarde.”

Para atrair pesquisadores de fora, oportunidades de bolsas de pós-doutorado da FAPESP são oferecidas em anúncios mensais na revista Nature e também no site da Fundação, em português e em inglês. Grandes iniciativas da Fundação, como os programas Biota, que estuda a biodiversidade do estado de São Paulo, o Bioen, de pesquisa em bioenergia, e o Programa de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, vêm promovendo workshops e seminários com a participação de pesquisadores estrangeiros, a fim de estimular a participação dos pesquisadores paulistas em redes internacionais e mantê-los em contato com o estado da arte em seus campos do conhecimento. “Não há bala de prata para solucionar problemas complicados, pois eles requerem muitas ações para serem resolvidos. É por isso que nesse assunto, de tornar mais internacional a pesquisa que se faz em São Paulo, é importante termos várias iniciativas articuladas”, disse Brito Cruz.

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