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Boas práticas

Para cada item, um só financiamento

Daniel BuenoO financiamento superposto de duas ou mais agências de fomento 
a um mesmo projeto de pesquisa pode soar como um sonho para alguns pesquisadores, diz comentário na Nature de 9 de fevereiro passado, assinado por Eugenie Samuel Reich. Mas as denúncias de fraude em grants feitas pelas autoridades americanas em 31 de janeiro passado podem funcionar como advertência aos que se sentem tentados a se valer de recursos duplicados para os mesmos itens de um projeto. As acusações também serviram de alerta às agências para a necessidade de  evitar a duplicação indevida de grants.

O alvo da denúncia foi Craig Grimes, até 2010 professor de engenharia elétrica na Universidade do Estado da Pensilvânia. Em janeiro ele admitiu ser culpado das acusações que incluem ter recebido simultaneamente grants do Departamento de Energia(DOE) e da Fundação Nacional de Ciência (NSF) para bancar os mesmos itens de uma pesquisa sobre conversão solar de dióxido de carbono em hidrocarbonetos. 
Se é legítimo solicitar auxílio a duas agências para um mesmo projeto, recebê-los de fato e usá-los é ilegal, disse Christine Boez, ex-inspetora-geral para a NSF 
à Nature. O duplo financiamento é proibido em muitos países, mas não há meios, segundo ela, de saber a prevalência do problema. Os casos tendem a vir à luz somente se os revisores detectam similaridades em  propostas de grants submetidas às agências.

Grimes recebeu da NSF um grant para sua pesquisa em 2009 e, mais adiante, no mesmo ano, recebeu um segundo  da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada em Energia do DOE (Arpa-E), alegando que não tinha outra fonte de financiamento. A universidade questionou Grimes sobre os grants tão similares e ele assegurou que não havia sobreposição. Mas em um paper de 2010 admitiu que as duas agências tinham apoiado o mesmo trabalho. Foi então que o inspetor-geral do DOE descobriu a o problema, a NSF começou sua investigação e Grimes perdeu seu posto na universidade. As acusações contra o pesquisador ainda incluem apropriação indevida de financiamento dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) para testar um sensor de sangue em recém-nascidos, mas este caso ainda está em fase de investigação.

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