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Tecnociência

As luzes que escondem as estrelas

Em tempos de racionamento de energia dizer que as cidades têm luz artificial em excesso parece um contra-senso. Mas, pelo menos na Europa e nos Estados Unidos, há um movimento de astrônomos que prega a diminuição da iluminação com o argumento de que está cada vez mais difícil enxergar o céu e suas estrelas e astros à noite. Segundo eles, 50% das pessoas que moram nos países da União Européia e 80% dos que vivem nos Estados Unidos não conseguem ver a Via-Láctea. Pensando em obter uma análise precisa do problema, Pierantonio Cinzano, da Universidade de Pádua, na Itália, e colegas estudaram imagens de satélite colhidas pelo Programa de Satélites Meteorológicos da Força Aérea dos Estados Unidos durante 1996 e 1997.

As imagens registraram as luzes durante noites sem nuvens e os astrônomos usaram modelos matemáticos para calcular a luminosidade artificial da Terra. É esse trabalho que resultou no primeiro atlas mundial de poluição da luz, a ser publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, informa a revista New Scientist (18 de agosto). “A poluição das luzes cresce 10% por ano”, diz Cinzano. Nem tudo parece perdido. Veneza, por exemplo, é a única cidade italiana com mais de 250 mil habitantes onde é possível avistar as estrelas da Via-Láctea. “Isto ocorre em razão da iluminação de baixa intensidade da cidade, algo que merece ser preservado.”

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