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Tecnociência

Preparadas para o calor

Rolando Perez/Smithsonian Tropical Research Institute

Flor de Symphonia globulifera: na Amazônia há 15 milhões de anosRolando Perez/Smithsonian Tropical Research Institute

Algumas espécies de árvores da Amazônia podem sobreviver à elevação da temperatura atmosférica prevista para ocorrer até o fim deste século. É que várias delas já enfrentaram climas até mais quentes no passado. Com pesquisadores do Panamá e da Inglaterra, o biólogo Christopher Dick, da Universidade de Michigan, analisou o material genético de 12 espécies de árvores de ampla distribuição na Amazônia para estimar quando teriam ocupado esse ecossistema. Eles verificaram que 9 das 12 espécies existem na região há pelo menos 2,6 milhões de anos.

Das 9, 3 surgiram há mais de 8 milhões de anos – a mais antiga delas, a gigante africana Symphonia globulifera, de até 60 metros de altura, chegou à Amazônia há cerca de 15 milhões de anos. Entre 11,5 milhões e 3,6 milhões de anos atrás, essas espécies enfrentaram períodos bastante quentes, com temperatura semelhante à que os modelos climáticos projetam para 2100 (Ecology and Evolution, 14 de dezembro). “Nossos resultados indicam que espécies de árvores neotropicais bem comuns viveram em climas mais quentes que o atual, sugerindo que poderiam tolerar o aquecimento associado às mudanças climáticas”, conta Dick. Ele e os colegas acreditam ser pouco provável que o aumento da temperatura, por si só, induza à extinção em massa das espécies amazônicas. Mas afirmam que o futuro da floresta é incerto. É que a região passa por um nível de transformação jamais visto no passado, com aumento da temperatura e das concentrações de gás carbônico e a derrubada da vegetação.

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