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Carreiras

O que se espera de um trainee

Iniciativa, trabalho em equipe e relacionamento são qualidades esperadas de candidatos em processo seletivo

Arquivo pessoalAs empresas, mesmo quando próximas em seus ramos de atuação, procuram competências distintas em seus candidatos aos programas de trainee. Essa é uma das conclusões da tese de doutorado de Fabíola Sarubbi Marangoni, intitulada “Os profissionais de administração: entre as competências desenvolvidas nos cursos de graduação e as competências requeridas pelo mundo do trabalho”, defendida em outubro na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). “Quando as empresas procuram, por exemplo, competências éticas nos candidatos, elas não se preocupam tanto com as funcionais [ligadas às  tarefas] e cognitivas [que reúne as formas de conhecimento]”, diz Fabíola, de 32 anos. A partir de 2015, ela dará aulas no Centro Universitário da FEI sobre comportamento organizacional. “Quando elas querem competências pessoais, como liderança e iniciativa, as metacompetências [comunicação, criatividade, resolução de problemas] ficam em segundo plano.”

A surpresa do estudo foi que algumas competências identificadas na literatura como fundamentais ao administrador, como pensamento crítico e criatividade, figuraram entre as menos valorizadas pelas empresas que participaram do estudo. As três competências consideradas mais importantes nos processos seletivos foram: ter iniciativa, trabalhar em equipe e construir relacionamentos e colaborações. Como as empresas de trainee em geral escolhem estudantes oriundos de cursos de excelência, a pesquisadora selecionou aqueles mais bem classificados pelo Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e pelo Guia do estudante, da Editora Abril, para a pesquisa qualitativa. Dez coordenadores dos cursos das regiões Sul e Sudeste, exceto Rio de Janeiro, participaram da pesquisa. Na abordagem quantitativa foi feita uma coleta de informações por meio de questionários, com 377 formandos em administração dessas instituições e 25 empresas com programas de trainee.

Os fatores destacados pelos coordenadores de cursos como importantes foram: ética, empreendedorismo, projeto pedagógico, currículo, competência, carreira, expectativa do mercado, perfil, teoria e prática, estágio, intercâmbio, interdisciplinaridade, professores, estudantes e autonomia. Em linhas gerais, os estudantes fizeram uma autoavaliação positiva. Fabíola ressalta que as competências exigidas pelas empresas dos trainees não são as únicas que merecem atenção nos cursos de administração, porque as exigências mudam em cada etapa da carreira profissional e da área de atuação. Em seu estudo, Fabíola foi orientada pelo professor Hamilton Luiz Corrêa, da FEA-USP, e teve a colaboração da Cia. de Talentos, gestora de programas de trainee.

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