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Arqueologia

Mãe neandertal, pai denisovano

Thomas Higham / Universidade de Oxford Fragmento de osso de Denny, filha de mãe neandertal e pai denisovano, observado de diferentes ângulosThomas Higham / Universidade de Oxford

Uma garota de 13 anos que viveu 90 mil anos atrás onde hoje é o sudoeste da Sibéria é o primeiro caso descrito de um descendente direto de dois grupos humanos arcaicos distintos. Sua mãe era neandertal e seu pai denisovano. Neandertais e denisovanos pertencem ao gênero Homo, o mesmo dos seres humanos modernos. Há, porém, uma divisão entre especialistas. Alguns consideram os neandertais, que viveram entre 430 mil e 40 mil anos atrás na Europa e em parte da Ásia, como uma espécie distinta da espécie humana atual, enquanto outros a tratam como subespécie. O mesmo ocorre com os denisovanos, sobre os quais há menos informação. Fragmentos de ossos desse grupo só foram encontrados em 2008 na caverna de Denisova, nos montes Altai, região da Sibéria próxima ao Cazaquistão. Remanescentes de neandertais já foram identificados na Europa e na Ásia. A caverna da Sibéria, porém, é o único sítio arqueológico em que foram achados denisovanos. A partir da análise do DNA de um fragmento de osso, o grupo do paleogeneticista Svante Pääbo, do Instituto Max Planck, na Alemanha, constatou que a garota, apelidada de Denny, era descendente direta dos dois grupos (Nature, 22 de agosto). “Tentamos nos afastar da palavra ‘híbrido’”, declarou Pääbo à revista Nature. A classificação implicaria assumir que neandertais e denisovanos eram espécies distintas. O DNA de Denny indica que sua mãe era mais aparentada de neandertais que viveram há 55 mil anos na região da atual Croácia do que dos que habitaram a caverna da Sibéria há 120 mil anos. Não se sabe se teriam ocorrido migrações tardias de neandertais da Europa para a Ásia antes de Denny nascer ou se, depois, neandertais fizeram o caminho inverso. Para Pääbo, neandertais e denisovanos devem ter procriado com frequência.

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