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Astronomia

Carta achada após 250 anos indica recuo de Galileu

The Royal Society Documento enviado por Galileu ao matemático Benedetto CastelliThe Royal Society

Para evitar ser condenado pela Inquisição, o astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642) amenizou seus argumentos contra a doutrina eclesiástica de que o Sol orbitava a Terra. É o que sugere uma carta encontrada na Royal Society, em Londres, onde estava havia ao menos 250 anos. Por erro de catalogação, o documento não era encontrado. Só foi descoberta recentemente por pesquisadores da Universidade de Bérgamo, Itália. Na carta, escrita em 21 de dezembro de 1613 ao amigo e padre Benedetto Castelli, matemático na Universidade de Pisa, Galileu defende que as referências bíblicas aos eventos astronômicos não deveriam ser tomadas como literais porque os escribas as teriam simplificado para serem compreendidas pelos comuns. Ele também afirma que o modelo heliocêntrico, segundo o qual a Terra orbita o Sol, proposto por Nicolau Copérnico em 1543, não era incompatível com a Bíblia. Duas versões da carta eram conhecidas. A primeira, enviada à Inquisição em 7 de fevereiro de 1615 pelo frade Niccolò Lorini, era mais dura e serviu de prova para a condenação do astrônomo em 1633. Sabia-se que Castelli havia devolvido a carta ao amigo e que, em 16 de fevereiro de 1615, Galileu havia escrito a Piero Dini, um clérigo em Roma, sugerindo que a versão apresentada por Lorini ao Vaticano havia sido manipulada. Em anexo, Galileu enviou uma carta mais amena, que dizia ser a correta, e pediu que fosse entregue aos inquisidores. Como essa versão estava perdida, não era possível saber se os clérigos tinham alterado as palavras de Galileu ou se o astrônomo havia escrito a versão mais forte e depois atenuado sua posição. A carta achada agora contém rasuras e emendas, todas com a caligrafia de Galileu, feitas após a devolução de Castelli. Sugere que o astrônomo escreveu a versão enviada aos inquisidores e depois moderou as palavras.

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