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Carta da editora | 273

Avanço no estudo sobre Alzheimer

Entre os benefícios resultantes da vinculação do Serviço de Verificação de Óbitos da capital paulista à Universidade de São Paulo, destaca-se a coleção de cérebros do Biobanco para Estudos do Envelhecimento. Os 3 mil exemplares, doados por familiares de pessoas que passaram por autópsia, são uma contribuição valiosa para a pesquisa, possibilitando avanços no estudo de males como a doença de Alzheimer.

A análise de 455 peças do banco permitiu mostrar que distúrbios psiquiátricos frequentemente associados ao Alzheimer podem resultar de danos neurológicos típicos dos estágios iniciais da doença. Antes, pensava-se que a depressão e a ansiedade, que muitas vezes acompanham o envelhecimento, aumentariam o risco de desenvolver esse problema degenerativo crônico.

Como os sintomas mais comuns do Alzheimer – perda de memória, demência – só se manifestam anos depois do início das lesões neurológicas, essa associação com distúrbios psiquiátricos pode ser útil para a medicina. Se forem diagnosticados precocemente, pacientes possivelmente se beneficiarão mais dos tratamentos existentes e poderão contribuir com a avaliação de novos medicamentos, como mostra a reportagem de capa desta edição.

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O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), gigante da educação profissional, implementou em 2013 uma oportuna iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os Institutos Senai de Inovação (ISIs) foram criados para promover a pesquisa e o desenvolvimento de soluções para desafios tecnológicos do sistema industrial brasileiro. Inspirados nos institutos alemães Fraunhofer, são hoje 21 ISIs espalhados pelo país: empregam 550 pesquisadores, dos quais 40% com mestrado ou doutorado, e já desenvolveram mais de 500 projetos para o setor.

Anterior aos ISIs, o Cimatec (Campus Integrado de Manufaturas e Tecnologia), inaugurado em 2002 na Bahia, destaca-se entre as iniciativas do Senai pela atuação abrangente e pelos vínculos dinâmicos com empresas de várias áreas. O complexo engloba a formação de recursos humanos – com cursos técnicos, de graduação e pós-graduação em temas de interesse da indústria – e pesquisa, com um centro tecnológico e três ISIs, além de contar com o supercomputador Yemoja (ver reportagem na edição 249).

Esta edição reporta ainda duas iniciativas de fomento a empresas nascentes. Em São Paulo, o Fundo de Inovação Paulista (FIP) encerrou a etapa de análise de 1,6 mil oportunidades de negócios e montou um portfólio de 20 empresas. Com R$ 105 milhões oriundos do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Sebrae, Agência Desenvolve SP, Finep, Fapesp e Jive Investments, o FIP agora ajuda na administração e no estímulo ao crescimento das companhias, com o objetivo de vendê-las até 2021, quando encerrará sua operação.

Em Santiago, uma iniciativa do governo chileno atrai empreendedores locais e de fora para seus programas de aceleração para novos negócios. Desde 2010 a Start-up Chile apoiou 1.400 iniciativas, das quais mais da metade segue no mercado, tendo criado 1,5 mil empregos locais e outros 5 mil fora. Empreendedores de quase 80 países já passaram pela aceleradora, que investiu US$ 30 milhões.

Para fechar, uma boa notícia: o Museu Nacional recuperou dos escombros boa parte da ossada de Luzia, um dos fósseis humanos mais antigos das Américas, e o valioso meteorito Angra dos Reis.

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