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Carta da editora | 279

Paleontologia brasileira em alta

A Argentina e o Brasil são os dois países com os fósseis mais antigos classificados como sendo de dinossauros. País com longa tradição em paleontologia, o vizinho do Sul explorou bem a presença, nas províncias de San Juan e La Rioja, de uma camada geológica que remete ao primeiro estágio do Triássico Superior (período entre 237 milhões e 227 milhões de anos atrás), quando esses animais começavam a habitar a Terra. Seis dos 12 dinossauros retirados de rochas daquela época foram escavados e descritos pela comunidade científica local, com pesquisadores do exterior.

O primeiro dinossauro daquele período encontrado em território brasileiro, Staurikosaurus pricei, foi descrito na literatura científica nos anos 1970; Saturnalia tupiniquim foi escavado no final dos anos 1990. Nesta década, foram quatro, sendo o último, anunciado em janeiro deste ano, Nhandumirim waldsangae, um pequeno carnívoro bípede com 1,5 metro de comprimento que viveu no que hoje é a região central do Rio Grande do Sul.

O número de descobertas recentes no Brasil, apresentadas na reportagem de capa, sugere que o país se estabelece não apenas como “berçário” de fósseis dos primeiros dinossauros – os seis “brasileiros” foram encontrados na formação Santa Maria, perto da cidade homônima –, mas também como detentor de uma massa crítica de paleontólogos capazes de achar fósseis, descrever espécies e, com colegas da comunidade científica internacional, confirmar (ou não) a hipótese sobre o surgimento desses animais. A região gaúcha é objeto de estudos sistemáticos por pesquisadores de instituições locais e de outros estados.

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Em fevereiro, completaram-se 30 anos do Decreto Estadual nº 29.598. O dispositivo aplica o artigo 207 da Constituição Federal, que determina que “as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial”. O decreto do então governador Orestes Quércia dispõe sobre a autonomia da USP, Unicamp e Unesp e garante um orçamento próprio para as três universidades. O impacto positivo dessa medida pode ser visto nos seus indicadores de produtividade. Para Marcelo Knobel, da Unicamp, que assumiu a presidência do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), a autonomia permitiu que as três crescessem e chegassem ao patamar das melhores instituições da América Latina. Nas próximas edições, Pesquisa FAPESP continuará tratando do tema.

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O oncologista paulistano Drauzio Varella é o médico mais conhecido do país. Começou no rádio nos anos 1980, depois foi para a televisão, onde é visto por milhões de pessoas nas noites de domingo, descobriu-se escritor de livros, mantém há anos colunas semanais na imprensa, um website e um canal de vídeos no YouTube. Fala principalmente de questões relacionadas à saúde – sem se furtar de temas polêmicos –, e também de vários outros assuntos. Nessa multiplicidade de formas de comunicação e de conteúdos, há um princípio condutor: o respeito pelo conhecimento científico. Seus argumentos são baseados em dados resultantes de pesquisa e complementados pelo conhecimento decorrente de sua ampla experiência como médico – no consultório, em hospitais públicos e privados de São Paulo e no sistema carcerário paulista, onde atua voluntariamente há mais de 25 anos.

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